O ano de 2024 está sendo desafiador para quem acompanha as queimadas que tomam conta do país. O Mato Grosso do Sul lidera um triste ranking, com mais de 44 mil focos de incêndio, seguido por Pará (mais de 35 mil) e Amazonas (mais de 21 mil).
Maior planície alagável do planeta em chamas
Para o SOS Pantanal, que viu nos registros de incêndios florestais um aumento de 215% em 2020, o cenário é bastante crítico.
A maior planície alagável do planeta foi o bioma que mais secou nos últimos anos e o fogo, só nos primeiros seis meses do ano, consumiu 680 mil hectares, um aumento de 143% em relação ao pior ano (2020).
Seca extrema na Amazônia e mais de 71 mil focos de incêndio no país
A Amazônia bateu recorde em queimadas no primeiro semestre deste ano. Os estados mais atingidos foram o Pará, Amazonas e Mato Grosso. Com o bioma também enfrentando uma seca extrema, houve aumento de 80% no número de queimadas em relação a 2023.
No início de setembro, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, apontam mais de 71 mil focos de calor por queimadas em todo o país
“Rios voadores” espalham a fumaça da Amazônia
De acordo com especialistas, a fumaça se espalhou sobre vastas áreas a milhares de quilômetros por meio dos “rios voadores”, que levam a umidade da Floresta Amazônica para outras regiões do continente.
Com o fogo fora de controle, além do vapor de água, os “rios voadores” estão transportando partículas suspensas na atmosfera. A informação é do WWF, que monitora as queimadas por meio de satélites.
Por duas vezes, meteorologistas mostraram imagens com a fumaça da Amazônia sendo transportada para o Rio Grande do Sul. Segundo a MetSul Metereologia, o RS deve ser o estado mais afetado.
Mais de 10 milhões de pessoas afetadas
A Confederação Nacional dos Municípios estima que mais de 11 milhões de pessoas foram afetadas diretamente pelos incêndios florestais. A poluição do ar e as queimadas são problemas sérios não só para o meio ambiente, mas também para a nossa saúde.
Estudos sobre os efeitos das queimadas para a saúde apontam que os problemas vão de mal estar, irritação dos olhos e garganta, falta de ar, alergias, infecções do sistema respiratório, asma, conjuntivite e bronquite até desordens cardiovasculares.
A exposição à poluição traz risco de doenças cardíacas, como infarto e derrame, devido ao aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Alguns poluentes no ar podem desenvolver câncer de pulmão. Para as gestantes, pode haver prejuízos ao desenvolvimento do bebê.
Como podemos nos proteger?
O monitoramento da qualidade do ar é uma medida eficaz para proteger a nossa saúde. Em maio, foi sancionada pelo Presidente da República, Lula, a Lei 14.850/24, que criou a Política Nacional da Qualidade do Ar.
A legislação determina também o Índice de Qualidade do Ar, que relaciona o impacto das concentrações dos poluentes no ar na saúde. Os dados devem ser monitorados e divulgados para a população.
Se precisar sair de casa em dias de muita fumaça, o recomendável é usar máscaras. As de tecido, do tipo cirúrgica ou mesmo bandanas ajudam a reduzir a exposição às partículas maiores presentes no ar, especialmente para populações que residem próximas aos focos de queimadas.
Os modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequados para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população.
Pessoas que têm problemas respiratórios crônicos devem evitar sair de casa mesmo usando máscaras. Buscar acompanhamento médico regular e seguir as medidas de prevenção são importantes.
Outra medida bastante eficiente é evitar atividades físicas e recreativas ao ar livre, em ambientes abertos, principalmente entre as 12 e 16 horas, quando as concentrações de ozônio são mais elevadas.
A hidratação é um ponto bastante importante também nesse período, pois o aumento da ingestão de água mantém as membranas respiratórias úmidas e mais protegidas.
Outras medidas de proteção
- Usar protetor solar diariamente. Mantenha o uso mesmo em dias nublados, pois os raios UV podem aumentar a sensibilidade à fumaça.
- Manter portas e janelas fechadas. A medida reduz a penetração das concentrações de partículas externas para dentro dos ambientes.
- Grupos vulneráveis. Crianças menores de 5 anos, idosos, gestantes e doentes crônicos (asma, diabetes e hipertensão) são mais suscetíveis.
- Atenção à saúde. Pessoas com problemas cardíacos e respiratórios devem estar mais atentas às condições ambientais para buscar atendimento imediato se apresentar qualquer sintoma.
Fonte: “Orientação para evitar exposição à poluição e queimadas”, de Adriana Jardim Arias Pereira, representante da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT).