O legado da COP29 e a participação da Aegea no evento

O legado da COP29 e a participação da Aegea no evento
Texto: Édison Carlos*

A COP29, em Baku, Azerbaijão, sempre esteve cercada de muita expectativa, justamente por estar condicionada a debater um dos temas globais mais difíceis do momento – o financiamento climático.

O desafio da conferência era conseguir comprometimento dos países desenvolvidos em doar valores acima de U$ 1 trilhão / ano aos países em desenvolvimento para implementarem suas metas de redução de emissões e mitigação dos efeitos extremos.

As negociações foram extremamente difíceis e a delegação do Brasil atuou junto a outros países por valores da ordem de U$ 1,3 trilhão/ano. A COP29 terminou com resultados muito aquém dos esperados, o que gerou frustração para a maior parte dos presentes.

Compromissos de apenas U$ 300 bilhões e ainda vindos de fontes diversas – países desenvolvidos, em desenvolvimento, bancos multilaterais e setor privado. passaram a sensação de que, além de pouco, não deixou claro a quem se deve cobrar.

Respeito das autoridades pela participação da Aegea

Do nosso lado, como Aegea e Instituto Aegea, a COP29 foi a segunda participação presencial, a primeira foi em Dubai, sendo já perceptível o respeito das autoridades presentes pela nossa participação.

Nunca foi comum, em fóruns desse porte, a participação de empresas de saneamento, com exceção da Sabesp. Então todos manifestaram satisfação em ver a Aegea presente e atuante. Nesse espírito, nossas iniciativas foram aguardadas e muito elogiadas, especialmente pelo caráter social e ambiental que sempre levamos.

Participei ativamente e pude falar da atuação da empresa em vários encontros no Pavilhão Brasil, da CNI, no da Revista Exame e em encontros com autoridades do Governo Federal, entidades e formadores de opinião.

Trabalho, Justiça e Sustentabilidade

Participei do side event do Pacto Global das Nações Unidas – Business & Climate Ambition, no dia 13 de novembro. Meu painel foi Trabalho, Justiça e Sustentabilidade: O Futuro da Economia Verde.

Ao meu lado estavam Caroline Rocha, diretora de Políticas Públicas e Engajamento da Laclima, a Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action, a primeira organização de advogados de mudanças climáticas na América; Marina Lisboa, diretora global de Relações Corporativas da Suzano; Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, e Camila Fernandez, Race to Resilience/Climate Champions.

Falei sobre Justiça Climática, mostrando a atuação da Aegea em dois momentos críticos trazidos pelos eventos extremos – a tragédia no Rio Grande do Sul e a escassez de água na Amazônia.

Compromisso com as populações mais vulneráveis

Abordei como a empresa conseguiu, mesmo em situações tão difíceis, manter o compromisso de abastecer as pessoas com água tratada. Apresentei nossos números e recebi muitos elogios pela responsabilidade da Aegea, em especial com as populações mais vulneráveis.

Por tudo o que ocorreu em Baku, há claramente uma expectativa ainda maior para a COP30, em 2025, justamente porque os pontos não resolvidos do financiamento climático e a posição do novo governo dos EUA se somarão aos temas anteriormente previstos para Belém.

COP30 em 2025 no Brasil

Os principais temas são: revisão das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, mecanismos de adaptação às mudanças climáticas, compromissos com a transição para tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono, bem como apoio para a preservação de florestas e biodiversidade.

Cresceu, na minha visão, a relevância da COP30, o que impõe ao Brasil uma responsabilidade ainda maior na Presidência desta COP, vista como definitiva para os objetivos junto ao Clima.

*Édison Carlos é presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade da empresa, e participou ativamente da COP29.