A Águas do Rio encontrou e solucionou um vazamento que alimentava um lago. Sim, um lago com peixes e patos, cercado por uma criação de galinhas. O que poderia ser a descrição de uma fazendinha é o cenário de um grande desperdício de água tratada provocado pelo vazamento, já resolvido.
Segundo os moradores do Bairro Mutondo, em São Gonçalo, o vazamento existia há pelo menos 60 anos. Uma tubulação antiga, de 1897, desperdiçava por dia em torno de quatro milhões de litros de água tratada, volume suficiente para abastecer 20 mil pessoas.
Lago ajudava a minimizar infiltração
Zilene Veloso conta que o lago foi a forma que encontrou para desviar parte do fluxo da água que infiltrava na casa dela e dos vizinhos. “Esse vazamento existe desde quando meus avós eram vivos. Há quatro anos tenho esse espaço com aves e peixes. Meu filho começou criando cavalo e depois meu neto trouxe outros animais”, contou.
Além de atuar no reparo, a Águas do Rio já está trabalhando no conserto de um segundo vazamento encontrado em outra tubulação de grande porte, de 1914. A empresa também está regularizando o sistema na região, retirando uma série de ligações clandestinas. Apesar de ter muito carinho pela pequena fauna, Zilene não vê a hora da concessionária resolver o problema.
“Todo ano a gente tem que pintar a casa por causa da infiltração, e o cheiro de mofo é muito forte. Eu e meu marido tentamos conter um pouco desse vazamento criando o lago, mas a situação vem piorando com o tempo. Tenho lugar para abrigar os meus bichinhos e não vejo a hora disso acabar”, conta a moradora.
Paulo Henrique da Silva, que também vive no Mutondo, também torce pela conclusão dos reparos. “Há 40 anos convivo com o barulho de uma “cachoeira” de água corrente, mas que empoça no terreno e atrai mosquitos, além de servir de lixeira para alguns vizinhos”, afirmou, ressaltando que pela primeira vez o local será limpo por uma equipe especializada.
Combate a perdas é trabalho constante nas unidades da Aegea
O vazamento afeta moradores das ruas Frei Orlando, Lourival Rodrigues e Alberto Coupey, mas o impacto no abastecimento é sentido por quem vive nos 15 bairros do município abastecidos pelas adutoras. De acordo com Pedro Freitas, diretor da Águas do Rio na região, o caminho para chegar até a universalização do serviço de água passa pelo combate às perdas.
“Estamos avançando nesse sentido e, até o momento, encontramos sete grandes vazamentos. Esse é um exemplo de como vamos levar água para os gonçalenses. O trabalho é gradativo e efetivo. Hoje, São Gonçalo perde 70% da água tratada que recebe, o que significa que a cada 10 litros de água, 7 são jogados fora. Combatendo as perdas, seja na rede de distribuição ou nas ligações irregulares, teremos volume suficiente para fornecer água para 100% da população”, conclui Freitas.
Uso do satélite como aliado
A Águas do Rio tem como aliado no combate a perdas um satélite, que antes era utilizado para encontrar água em Marte. O equipamento hoje está voltado para a capital fluminense à procura de vazamentos em sua rede de fornecimento de água.
O equipamento escaneia com precisão o subsolo de onde está apontado e com softwares inteligentes identifica o que é água tratada através do cloro dissolvido na água, utilizado nas estações de tratamento, diferenciando, assim, do que é água bruta – lençol freático, rios subterrâneos ou poços artesianos.Entre outubro de 2022 a janeiro de 2023, o satélite escaneou 582 Km de rede de água. Apenas nesse perímetro e período, foram encontradas 122 possíveis áreas com vazamentos, também confirmados com o geofone. O que já foi reparado devolveu ao sistema 158 milhões de litros de água. Até o final dos consertos e trocas de tubulações em curso, o volume de água recuperada poderá abastecer sete mil habitantes.