Força-tarefa retoma abastecimento de água em 67 cidades do RS

Força-tarefa retoma abastecimento de água em algumas cidades do RS
Texto: Aline Cardias e Gabriela Mendonça

Desde o começo das chuvas que assolaram o Estado, a Corsan segue cumprindo, em regime de força-tarefa e ininterruptamente, um plano de contingência para recuperar as estações de captação, tratamento e distribuição de água à população.

Todas as 67 estruturas severamente danificadas foram reparadas em tempo recorde e o abastecimento foi restabelecido nessas cidades. Equipes de emergência continuam realizando reparos pontuais nas estruturas. A força-tarefa envolve 5.000 colaboradores diretos e indiretos da Companhia.

Cenário do Estado

Em 10 dias, o acumulado de chuva no Rio Grande do Sul foi de 420 mm. Em alguns municípios, chegou a 730mm. Os números são muito acima do normal, pois segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, acima de 50 mm é considerada chuva muito forte, violenta.

Com as enchentes, o cenário no Rio Grande do Sul ficou assim (dados de 22 de maio):

Municípios afetados: 447 (quatro vezes o verificado em set/23)

Pessoas afetadas: 2.3 milhões

Óbitos: 151

Desaparecidos: 104

Desalojados: 540 mil

Pessoas em abrigos: 77 mil

Residências sem energia: 243 mil

Bloqueios em rodovias: 146

O Aeroporto Internacional de Porto Alegre, que permanece alagado, está com as operações paralisadas até agosto de 2024.

Localidades mais atingidas

Região central: cidade de Santa Maria.

Vale do Rio Pardo: cidades de Santa Cruz do Sul e Sinimbu.

Vale do Taquari: Lajeado, Estrela, Arroio do Meio e Roca Sales.

Vale do Caí: São Sebastião do Caí e Montenegro.

Região Metropolitana: Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba, Alvorada, Viamão, São Leopoldo, Cachoeirinha, Gravataí, Esteio e Sapucaia.

Principais desafios para o abastecimento

Com as enchentes, grande parte das instalações de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto ficaram alagadas. Com isso, não havia nenhuma condição de operação.

Além da inundação, não havia energia elétrica para a operação de bombas e motores. A vegetação e os destroços trazidos pelas enchentes obstruíram as redes de captação de água.

O alagamento das vias públicas dificultou o acesso às áreas afetadas, bem como aos materiais da cadeia de suprimentos. Houve danos sérios à infraestrutura e aos equipamentos.

Situação do desabastecimento

No início das enchentes, em 30 de abril, eram 100 mil unidades domiciliares sem abastecimento. No pico da situação, dia 4 de maio, o número subiu para 906 mil. Em 16 de maio, com as intervenções realizadas, o desabastecimento caiu para 132 mil economias, conforme mostra o gráfico.

Mobilização da Corsan: 5.000 colaboradores envolvidos

Dos municípios declarados em Estado de Emergência, 236 são atendidos pela Corsan nas regiões Central, Nordeste, Metropolitana e Sinos.

Destes, 67 estavam com estruturas alagadas, falta de energia elétrica, obstrução da captação por destroços e vegetação. Com a mobilização, o abastecimento foi restabelecido em 65 deles.

Um trabalho em tempo recorde que contou com uma força-tarefa da Corsan que mobilizou 5.000 colaboradores diretos e indiretos no reparo das estruturas atingidas e na retomada do abastecimento. 

Ações além da conta

  • Uso de cinco equipes de mergulhadores para consertar sistemas submersos.
  • Instalação de 80 geradores (em muitos locais sobre balsas).
  • Implantação de 98 novas bombas.
  • Recuperação de quadros elétricos.
  • Drenagem de casas de máquinas.
  • Construção de contenções para evitar novas inundações.

Barcos, tratores, helicópteros e flutuantes construídos pela empresa

Nos municípios em que os acessos foram bloqueados, seja por inundação ou rompimento de vias, as equipes e equipamentos chegaram por barcos, tratores e helicópteros ou por flutuantes construídos pela empresa.

Região Metropolitana de Porto Alegre

A situação permanece crítica nas Estações de Tratamento de Água Rio Branco, em Canoas, e na Estação Esteio, que abastecem as cidades de Esteio e Sapucaia do Sul, que estão submersas e sem acesso por terra.

As chuvas e o nível da água, que continua alto, dificultam os trabalhos de drenagem e de contenção em estruturas alagadas; reparos em equipamentos e em infiltrações dos reservatórios, e na recomposição de quadros de comando e conserto de bombas, entre outros.

Concentração de esforços para levar água tratada

Enquanto a enchente não recua, cerca de 750 colaboradores concentram seus esforços para fornecer água tratada a aproximadamente 350 mil pessoas. A população está sendo atendida também por meio de reservatórios temporários, fixos e móveis, em pontos de maior adensamento.

O Plano de Contingência inclui o fornecimento de água a hospitais e abrigos por meio de caminhões-pipa. Foram enviados 78 caminhões-pipa para atender unidades hospitalares, 300 abrigos e comunidades das cidades de Esteio, Sapucaia e Canoas.

Foram colocadas em prática as seguintes medidas:

  • Instaladas cinco Estações Móveis de Tratamento de Água, sendo três ETAs móveis no terreno da Votorantim, em Esteio; uma ETA móvel no terreno cedido pela Gerdau, em Sapucaia do Sul, e outra ETA móvel na Cohab de Sapucaia do Sul;
  • Implantação de aproximadamente 10 km de adutoras que interligam os sistemas Esteio-Sapucaia e Canoas.
  • Perfuração e conexão de 15 poços à rede.
  • Disponibilização de 85 reservatórios (fixos e móveis) para a população coletar água.

Programas de isenções

Ainda para ajudar as famílias a enfrentarem esse momento tão difícil na história do Rio Grande do Sul, 906 mil imóveis em 67 municípios, entre inundados e desabastecidos, serão contemplados pelo programa de isenções.

IMÓVEIS INUNDADOS

  • Isenção da conta de água por 2 meses (maio e junho),
  • Se forem clientes da Tarifa Social, são 6 meses de Isenção. 

IMÓVEIS DESABASTECIDOS

  • Os afetados por desabastecimento contínuo terão isenção de pagamento do serviço básico de maio, pagando apenas pelo consumo. 

Qualidade da água

A Corsan reafirma a garantia da qualidade da água que é fornecida à população. A empresa segue trabalhando com todos os processos de tratamento necessários.

A rotina de análises da água segue a Portaria 888 do Ministério da Saúde e é adequada à realidade do momento para assegurar o padrão de qualidade de sempre.

É importante lembrar que todas as etapas de tratamento são intensamente fiscalizadas pelas agências reguladoras e pelos órgãos ambientais competentes, o que garante ainda mais o padrão de qualidade necessário para o fornecimento.

A concessionária realiza uma grande variedade de testes (cerca de 500 análises/dia por estação), nas diversas etapas e pontos do tratamento para garantir a qualidade da água fornecida à população.

Entre os inúmeros exames executados pela Corsan, podemos destacar as análises microbiológicas, que verificam a presença de organismos patogênicos, como bactérias, vírus e protozoários, também os testes de desinfecção, que medem os níveis de substâncias usadas na desinfecção da água, além dos testes para detecção de metais pesados.

Trabalho ininterrupto

A Corsan vai continuar atuando, sem medir esforços e nem poupar recursos para restabelecer o abastecimento de água à população, no menor prazo possível, mesmo enfrentando os efeitos da maior calamidade pública da história do Rio Grande do Sul.