As mulheres na linha de frente do saneamento

AS REPRESENTANTES DO ESPÍRITO SANTO

Mulheres que inspiram

Reflita: quantas vezes você já se pegou julgando uma mulher pelo que ela estava vestindo? Quantas vezes já ouviu que as mulheres só querem competir? Pra mostrar exatamente o contrário é que as colaboradoras das unidades do Espírito Santo se engajaram numa campanha interna e, durante o mês de março, publicaram mensagens com demonstrações de reconhecimento, valorização, apoio e admiração. Os homens também aderiram à campanha. Justino Brunelli, diretor-presidente das unidades do Espírito Santo, foi o primeiro a participar e ainda destacou que 75% do time da presidência é composto por mulheres que inspiram. “Elas ocupam lugar de destaque cada vez maior nas agendas corporativas voltadas para públicos estratégicos. Com as três #ProfissionaisAlémDaConta, que as representam nas unidades, nós compartilhamos conhecimentos, o que enriquece o meu dia a dia e me impulsiona para realizar melhor o meu trabalho. Orgulho bate forte no peito por essas três guerreiras: Maraí, Ana e Simony.”

Liderança: disposta a encarar os desafios

Outra guerreira é a diretora-executiva das PPPs de Serra, Vila Velha e Cariacica, que juntas somam o atendimento de mais de 1,4 milhão de pessoas, Thaís Forest Gallina, que assume os desafios diários com disposição, coragem e força de vontade. E, claro, a experiência anterior na área de projetos de Saneamento e Modelagem de Negócios, na Operação e Gestão-Executiva das quatro unidades em Santa Catarina, conta muito. Logo depois de assumir o cargo de diretora-executiva no Espírito Santo, Thaís se deparou com os desafios impostos pelo coronavírus. “A pandemia assusta, no sentido de exigir de nós um comportamento consciente e preventivo. Como gestora, vejo que minha responsabilidade é ainda maior. Temos de fazer a nossa parte, aliando atributos como responsabilidade social, cuidando da segurança de nossas equipes e da manutenção do serviço que prestamos, que repercute diretamente sobre a saúde da população”, considera.

Ela conta que não foi nada fácil. “A pandemia trouxe cenários nunca imaginados para todos os setores. Estar em um lugar diferente, longe da família – que ficou em Santa Catarina –, encarregada da gestão de outro tipo de contrato, pois era uma PPP exclusivamente de esgoto, em um momento desses, gera preocupações extras, é claro. Em contrapartida, eu sabia que o time precisava de mim. Esse comprometimento com as pessoas e com a empresa me impulsionou e segue me motivando neste ano tão desafiador”, ressalta.

Os primeiros anos de experiência na Aegea foram uma “verdadeira escola”. “Fiz uma imersão. Aprendi, na prática, pois encontrei espaço e pessoas que confiaram em meu trabalho e comprometimento. Estar aberta ao novo é fundamental e essa disposição que tive me ajudou a crescer e a merecer votos de confiança”, diz. “A possibilidade da expansão da empresa como grande player privado no Brasil e a identificação com a área de novos negócios, multidisciplinar, foi exatamente meu impulso inicial para ingressar nesse mercado. Foi uma chance de aprender e de crescer junto com o grupo. As oportunidades surgiram e hoje durmo e acordo movida pelo saneamento”, afirma.

AS REPRESENTANTES DA ÁGUAS DE MANAUS

Elas lideram times operacionais e têm um papel fundamental no saneamento de Manaus

As mulheres inspiradoras do quarteto da Águas de Manaus: da esquerda para a direita, estão: Fabiana, Nayara, Renata e Suellen.

Liderar em um ambiente dominado em sua maioria por homens não é tarefa fácil. Mas, para o quarteto Fabiana Patrocínio, Renata Gomes, Nayara Rebouças e Suellen Almeida, essa missão é “tirada de letra”. Elas comandam equipes operacionais na Águas de Manaus (AM), liderando times que chegam a ter 100 funcionários e onde são as únicas mulheres. Elas contam que um dos principais desafios de todos os dias é defender o empoderamento feminino também no mercado de trabalho. Elas representam as 261 colaboradoras diretas da Águas de Manaus.

A arquiteta e urbanista e estudante de Engenharia Civil Fabiana Patrocínio é coordenadora de Operações Comerciais e lidera o Distrito 1, que executa obras e serviços na zona norte de Manaus. “A mulher empoderada é dona de si, encoraja e levanta outras mulheres, tem empatia, pensa no coletivo, busca igualdade de gênero e quer ser tratada de forma justa no trabalho. Todas essas características promovem um ambiente muito melhor para desenvolver suas atividades”, afirma. Para Fabiana, ao exercer um cargo de liderança, a postura é fundamental, pois é preciso saber impor respeito da melhor forma possível. “Acredito que para liderar tantos homens é preciso buscar a equipe para perto de si, fazendo que ela entenda qual a sua missão na empresa. Uma vez isso conquistado, você terá amigos para sempre”, disse ela.

Outra comandante dos serviços da Águas de Manaus é a gestora de RH Renata Gomes, que coordena as equipes do Distrito 2, na zona leste. Segundo ela, trabalhar em um cargo de liderança exige uma troca constante. “Os homens não estão acostumados a serem liderados por uma mulher, por isso tem de ter jogo de cintura. Pela minha experiência, os homens que ocupam postos de trabalho liderados por mulheres confundem as cobranças e os posicionamentos mais assertivos com exagero, por exemplo”, disse. “É a partir do empoderamento feminino que conseguimos avanços na promoção da igualdade entre homens e mulheres, como o salário igualitário. Também conseguiremos cada vez mais ocupar novos espaços, além de sermos ouvidas e expressar nossas ideias, sem preconceitos”, alegou.

Engenheira civil formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Nayara Menezes contribui com a evolução do saneamento de Manaus desde 2016, atuando em obras importantes para a população. Foi uma das responsáveis pela elaboração de projetos de distribuição de água, setorização e melhoria de abastecimento. As obras das ETEs do Vila Nova, Xingu e Timbiras, e da Estação de Tratamento de Lodo da Ponta do Ismael são alguns dos trabalhos que ela traz na bagagem.

“Um dos maiores desafios do meu trabalho é encontrar soluções alternativas, tanto para materiais quanto para métodos de execução de serviços. Essas soluções precisam respeitar e conservar o meio ambiente e ser economicamente viáveis”, explica a engenheira e especialista em saneamento. A pandemia impôs mais desafios a quem ocupa cargos de liderança, o que tem exigido mais sensibilidade e humanidade no trato com as equipes. “Temos de buscar estratégias para valorizar a saúde mental dos profissionais e suas equipes”, avalia Nayara.

Nayara coordena o setor de Crescimento Vegetativo, que cria novas redes de água e esgoto, principalmente em áreas carentes. Provavelmente, no futuro, grandes bairros existirão graças ao trabalho dela. Para quem quer seguir o mesmo caminho, a engenheira dá o recado às mulheres: “Sejam firmes em suas posições, provando que não é o gênero que define a capacidade das pessoas e sim o esforço, a garra e a determinação em alcançar seus objetivos. Desejo igualdade de oportunidades, tendo assim mais espaço para crescimento em cargos gerenciais. Lute como uma garota, isso vai te levar longe!”, diz.

Com mais tempo de casa, a administradora formada pela Faculdade Estácio de Sá Suellen Almeida começou a trabalhar na Aegea na Águas Guariroba (MS), como menor aprendiz. Passou pelo call center, foi analista comercial e assessora da diretoria. Deixou a empresa para viver novas experiências e, quando passou no concurso para sargento do Exército, recebeu o convite para voltar. Em 2019, desembarcou em Manaus e agora é a responsável pela programação de serviços de manutenção. “O maior desafio é ter inteligência emocional para lidar com os desafios que uma cidade do tamanho de Manaus nos impõe. A Programação é a engrenagem maior da empresa e precisa estar alinhada com as outras áreas da empresa, principalmente em comunicação”, avalia.

Especialista em controladoria, gestão de pessoas e inteligência emocional, ela conta que busca se superar em tudo o que faz e que considera este o segredo para uma carreira bem-sucedida. “Desejo que as mulheres que queiram seguir uma carreira como a minha tenham em mente que a diferença entre o medo e a coragem é a ação. Temos de levantar todos os dias determinadas a ser nossa melhor versão. Temos de ter sede de fazer a diferença e não se contentar com aquilo que estamos entregando e, sempre, entregar mais.”

O que elas esperam para o futuro?

Mais reconhecimento, oportunidades e respeito. “Espero que nós possamos usufruir, em um futuro não tão distante, mais oportunidades e mais respeito em nossas vidas e, especialmente, em nossas carreiras”, disse Renata Gomes. Fabiana conta que almeja conquistar ainda outros patamares no futuro. “Quero conquistar patamares mais elevados e focar na minha independência financeira. O Dia Internacional da Mulher é um dia com significado muito forte pra mim; sempre fui muito ligada às conquistas que nós mulheres já tivemos, no quanto somos importantes pra sociedade, no quanto merecemos respeito. Me emociono muito quando penso em todas essas conquistas e toda essa emoção se transforma em força, garra e determinação para alcançar meus objetivos”, completa Fabiana.

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