Crise climática desafia setor de saneamento e exige respostas rápidas

Crise climática desafia setor de saneamento e exige respostas rápidas
Texto: Rosiney Bigattão

As mudanças climáticas estão alterando profundamente a dinâmica do setor de saneamento. No 33º Congresso da ABES, durante a FITABES 2025, o painel “Gestão de crises climáticas e impactos na experiência do cliente” reuniu especialistas para discutir como as concessionárias de água e esgoto têm enfrentado eventos extremos e buscado preservar a qualidade dos serviços.

Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea, ressaltou que a sustentabilidade das operações passa cada vez mais por resiliência, capacidade de resposta e um relacionamento próximo com as comunidades.

Gestão proativa do relacionamento com os clientes

Diante de eventos como estiagens e enchentes, o relacionamento com o cliente torna-se peça central para manter a confiança. Édison destacou iniciativas de engajamento e educação ambiental como o Programa Afluentes, que conecta concessionárias a milhares de lideranças comunitárias, e projetos como Escola Saneada e Saúde Nota 10, que promovem consciência sobre o uso da água e a importância da preservação dos recursos hídricos.

Planos de contingência e soluções inovadoras

Frente a um cenário cada vez mais imprevisível, planejamento é essencial. Édison trouxe à tona experiências como a crise hídrica de 2024 em Manaus, quando a concessionária da Aegea no local realizou intervenções emergenciais diante da seca histórica do Rio Negro.

Entre as ações: rebaixamento de bombas, uso de bombas anfíbias, monitoramento por satélite e doação de água potável para populações ribeirinhas.

Outro exemplo citado foi a atuação no Rio Grande do Sul, após as enchentes que afetaram o estado em 2024. Um plano emergencial mobilizou equipes de diversas regiões do país para restabelecer os serviços da Corsan AE, com recuperação de estruturas em tempo recorde.

Um dos destaques foi a ferramenta digital desenvolvida em parceria com o projeto Imagem, que indicava rotas seguras até os pontos de distribuição de água potável.

Economia circular e reúso como estratégia

A escassez de água também exige novas abordagens. O painel discutiu como o reúso vem ganhando espaço no saneamento. Édison apresentou o caso da parceria com a Braskem, na qual 100% da água industrial utilizada na unidade de Duque de Caxias (RJ) é proveniente de água residual tratada. O projeto reduz a demanda sobre o Rio Guandu e antecipa serviços de saneamento para comunidades vizinhas.

Equidade no atendimento e foco nas populações vulneráveis

As crises climáticas não afetam todos da mesma forma. Por isso, ações de equidade e acesso são prioritárias, segundo o executivo da Aegea. A atuação rápida, com foco em zonas rurais e urbanas de difícil acesso, demonstrou a importância de estratégias integradas que considerem vulnerabilidades sociais, ambientais e territoriais.

Conclusão: adaptação é palavra-chave

A experiência relatada por Édison Carlos evidencia que o setor de saneamento está diante de uma nova era. A capacidade de adaptar-se, planejar com inteligência e manter o cliente no centro da estratégia será decisiva para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e garantir um serviço contínuo e justo para todos.