Estudante descreve em carta o poder transformador do Pioneiros

Estudante descreve em carta o poder transformador do Pioneiros
Texto: Rosiney Bigattão

No evento de encerramento da etapa nacional da 6ª edição do Pioneiros, os estudantes premiados pelo projeto desenvolvido para as comunidades onde vivem foram unânimes em dizer como se sentiram transformados.

Ao receber o certificado da premiação na etapa nacional e fazer seus agradecimentos, Renata Gabriele Barbosa, de 17 anos, que participou pela Águas de Teresina, perguntou: “Posso ler uma carta explicando esse processo?”.

Na leitura, emocionou a todos contando como o Pioneiros alimentou sua mente. Comparou o projeto ao efeito borboleta, conceito que explica fenômenos naturais e é usado popularmente para mostrar como uma pequena ação é capaz de grandes mudanças.

Carta mostra o poder do Pioneiros em movimentar vidas

“Eu nunca me considerei uma pessoa talentosa, eu não sabia falar bem, desenhava mal, era ruim com números, pequena demais para praticar um esporte e dura demais para dançar. A única coisa que eu possuía era uma curiosidade insaciável, uma fome de conhecimento monstruosa e uma imaginação fértil.  Para o não talentoso, esforço. Então eu me tornei obcecada por tudo que eu fazia, desde treinar incansável vezes para falar bem sem gaguejar, até passar horas tentando resolver cálculos matemáticos. A obsessão me fez investir todo meu tempo naquilo que eu queria fazer com excelência.

Eu venho de uma realidade onde as oportunidades são escassas e não existe riqueza, então eu me tornei uma caçadora, buscando oportunidade como se estivesse buscando um tesouro perdido. Carregando comigo uma bagagem que guarda todo o conhecimento que eu vou recebendo. E quando meu coração já estava desprovido de esperança, a oportunidade do Pioneiros surgiu como uma estrela cadente no céu, e a partir dali eu iria fazer dar certo.

O Pioneiros me deu espaço para mostrar quem eu era, me permitiu compartilhar os conhecimentos que já tinha, alimentou minha mente faminta com conhecimentos novos, me apresentou o universo cujo eu não conhecia e, acima de tudo, me deu liberdade para brincar com minha imaginação, criar padrões novos, solucionar problemas, me arriscar.

Durante esses meses, aprendi muita coisa. Eu aprendi que você deve ter a humildade de assumir que não sabe, porque nem sempre vai saber de tudo, e isso é incrível. O fato de você não saber de tudo te dá a oportunidade de aprender sobre aquilo que ainda desconhece. Sua genialidade está na sua criança interior, então permita-se imaginar. Imagine, faça desenhos cabulosos, desenvolva padrões fora do comum e nunca vistos antes.

Em uma linha tênue entre conhecimento e imaginação, não tenha medo de imaginar. E toda vez que você achar que isso é um absurdo, lembre-se que o universo é o absurdo, que nele não existe só um padrão, mas vários padrões a serem descobertos, que você é ele em forma humana tentando se entender. Então, seja absurdo, intrigante, gênio.

Tolerar a incerteza não significa abandonar o planejamento de uma ideia, é confiar na capacidade da imaginação, responder aos desafios à medida que eles surgem. É aceitar que não precisamos entender tudo para seguir em frente, é uma aposta na resiliência, na percepção de que, independentemente do que vier, encontraremos recursos para lidar.

Faça ou não faça, você é livre e deve escolher por conta própria. Se te convém fazer algo, siga suas vontades, desde que não interfira num convívio desagradável socialmente. Você é livre, faça, siga suas vontades, não há nada para se arrepender. Até porque, fazendo ou não, o dia passa, você agindo ou não, o sol há de nascer, você arriscando ou não, o final te espera. E no final, você morre, vivendo ou não. O que conta é a experiência e o aprendizado que você vai ter”.