Plantio e manter árvores em pé são alternativas para amenizar clima

Plantio e manter árvores em pé são alternativas para amenizar clima

O que o plantio de árvores tem a ver com mudanças climáticas e com o calor excessivo que tem sido cada vez mais recorrente? Tudo a ver, segundo especialistas. 

Assunto recorrente nas últimas semanas, as altas temperaturas são um dos resultados do aquecimento global, apontam diversos estudos. O acúmulo crescente de gases causadores do efeito estufa na atmosfera é resultado, principalmente, da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento.

Relatório das Nações Unidas aponta que a derrubada de florestas é uma grande geradora de emissões – cerca de 12 milhões de hectares são destruídos por ano em todo o mundo. Além da emissão, o desmatamento limita a capacidade da natureza em manter as emissões fora da atmosfera.

Programa Floresta Viva

Para os especialistas, fica claro que é preciso conter o desmatamento e ampliar as áreas verdes sobre o planeta. Na busca de maior equilíbrio ambiental, visando a preservação dos recursos naturais e o aumento das matas ciliares para produção de água, a Aegea e suas unidades investem em ações de plantio. 

Uma das ações é o Programa Floresta Viva. A parceria entre a Aegea e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) foi assinada em novembro de 2022. São desenvolvidos projetos nas bacias Guariroba e Cabeceiras do Pantanal (MS), no Sistema Lagunar de Maricá-Guarapina e na Área de Proteção Ambiental do Rio Surui (RJ).

Plantio da Águas Guariroba em uma das cidades mais verdes do mundo

Na Águas Guariroba (MS), unidade da Aegea em Campo Grande (MS), cidade que tem o título de “Cidade Árvores do Mundo”, da ONU, pela quarta vez consecutiva, ideias verdes germinam ao lado de uma das estações de tratamento de esgoto. 

Às margens da BR-262, dentro da ETE Los Angeles, a natureza se desenvolve por meio do cultivo de mudas de árvores nativas do cerrado, no Viveiro Isaac de Oliveira. Desde a sua concepção, o principal objetivo tem sido restaurar e recuperar áreas de nascentes e matas ciliares dos córregos Guariroba e Lageado, através do replantio de mudas.

MS Pantanal leva espécies nativas do cerrado para o interior

De 2010 para cá, já foram produzidas mais de 600 mil árvores. “As árvores estão totalmente ligadas à quantidade e à qualidade da água no meio ambiente, por isso, esse viveiro é tão importante para o saneamento, para a Águas Guariroba e, principalmente, para a população de Campo Grande”, explica o gerente de Meio Ambiente e Qualidade, Fernando Garayo.

Importante também para a população de Mato Grosso do Sul, pois o alcance das mudas extrapola os limites de Campo Grande, por meio da atuação da MS Pantanal. A empresa, responsável pelos serviços de esgoto em 68 municípios de Mato Grosso do Sul, tem levado para eles as mudas produzidas em Campo Grande.

Produção de 50 mil mudas por ano

Com capacidade para produzir 50 mil mudas por ano, no viveiro são cultivadas 28 espécies nativas do cerrado. Parte da produção é destinada para plantio nas unidades operacionais e ações socioambientais da Águas Guariroba e da Ambiental MS Pantanal. Outra parte é doada a instituições, empresas e órgãos públicos de todo o Estado.

A procura é tão grande, que nos dias de maior demanda, cerca de 2 mil mudas saem do viveiro com a importante missão de transformar o ambiente onde serão plantadas.

A paixão pelas árvores 

À frente do cultivo das mudas está o ambientalista Nereu Rios, que há mais 30 anos se dedica ao plantio de árvores. Quando criança, Nereu Alves Rios viu os pais comprarem toneladas de madeira para produzir móveis em Dourados. O trabalho sustentou a família por anos, mas não foi pelo ofício de moveleiro que ele se encantou.

“Quando menino, cresci pelos ervais de Dourados. A cidade tinha dezenas de serrarias que beneficiavam essas madeiras e a minha família sobrevivia disso. Você não comprava terra, comprava a mata para derrubar as árvores. Eu ia passar as férias na fazenda de minha avó e aprendi a mexer na terra, a plantar, até hoje busco aprender, busco novas espécies, é paixão”, conta.

Meio milhão de mudas produzidas 

Até que o hobby se tornasse um ofício, levou tempo. Nereu trabalhou muitos anos como funcionário público e, em 2013, o contato com o meio ambiente se tornou parte do cotidiano. “Sempre tive meu viveiro por paixão, mas chegou um momento que eu achava que precisava fazer mais”, diz.

Aos 64 anos, Nereu contabiliza mais de meio milhão de mudas produzidas e 50 mil árvores plantadas em todo Brasil. Em Campo Grande, o trabalho pode ser visto no Parque das Nações Indígenas, no Parque dos Poderes, no Bosque do Aeroporto e próximo ao Parque do Sóter. 

Cada árvore é como um filho 

“A gente trata [a árvore] como um ser vivo, um filho mesmo. Mas o que a gente faz um monte de gente poderia estar fazendo, a fartura de jatobá, por exemplo, mas é paixão, faço com muito gosto”, detalha orgulhoso.

No viveiro da Águas Guariroba, a dedicação é diária, fazendo lembrar o poema de Manoel de Barros: “Deus disse: Vou ajeitar a você um dom: Vou pertencer você para uma árvore. E pertenceu-me.”

Outras ações: Liga do Saneamento apoia educação ambiental

A MS Pantanal também apoia um programa de educação ambiental para disseminação de conteúdos didáticos sobre saneamento e meio ambiente para comunidade escolar de Mato Grosso do Sul. É o projeto A Liga do Saneamento, um gibi com a linguagem acessível e lúdica das histórias em quadrinhos para levar para as escolas do estado conteúdos socioeducativos.

O projeto também trará um material pedagógico para orientar professores e um conjunto de peças lúdicas que incluem dedoches e jingles. Todos têm motivos pantaneiros e mensagens didáticas sobre a importância do saneamento para a vida das pessoas. Até um óculos especial de realidade virtual vai ser usado para entregar conhecimento e levar o estudante para dentro dos sistemas de tratamento de água e de esgotamento.