O reúso de água, antes visto como solução pontual, ganha protagonismo no cenário nacional. No 33º Congresso da ABES, o painel sobre comercialização e distribuição de água de reúso industrial evidenciou seu papel essencial diante das pressões climáticas, da escassez hídrica e da demanda crescente por sustentabilidade.
Alexandre Perufo, diretor-executivo da Apura, apresentou experiências e projetos de alto impacto que demonstram como o reúso pode promover segurança hídrica para o setor industrial, aliviar a pressão sobre mananciais e viabilizar investimentos estruturantes em esgotamento sanitário.
Indústria e reúso: segurança, sustentabilidade e previsibilidade
Entre os benefícios apontados por Perufo estão a independência em relação à outorga de água, imunidade à escassez sazonal, previsibilidade de custos e liberação de água potável para uso humano.
A Apura desenvolve soluções completas para plantas industriais dos setores de óleo e gás, mineração, siderurgia, celulose e petroquímica — com projetos que envolvem captação, tratamento, reúso e fornecimento.
Entre os casos citados estão os sistemas de reúso para a Braskem em Duque de Caxias (RJ) e o projeto com a Petrobras no Gaslub (Itaboraí-RJ), este último considerado o maior projeto de reúso de água em área industrial no Brasil, com impacto equivalente ao abastecimento de 600 mil pessoas.
Saneamento e reúso: uma aliança de impacto socioambiental
Perufo também destacou como os projetos de reúso industrial podem impulsionar a universalização do esgotamento sanitário. Ao gerar demanda por água de reúso tratada, esses projetos incentivam investimentos em infraestrutura de coleta e tratamento de esgoto nas regiões envolvidas, antecipando benefícios para a população local.
Foi o caso de São Gonçalo e Itaboraí (RJ), onde o fornecimento de água residual tratada para uso industrial tem contribuído para ampliar a cobertura de esgoto e melhorar a qualidade de vida da comunidade.
Água é ativo estratégico no planejamento urbano e industrial
Na visão apresentada, o reúso deve ser encarado como estratégia nacional de resiliência hídrica, com políticas públicas e marcos regulatórios que incentivem seu uso.
A nova legislação abre caminhos para a comercialização da água de reúso, oferecendo previsibilidade jurídica e atração de investimentos de longo prazo — alguns contratos apresentados têm duração média de 30 anos.
Tecnologia com valor compartilhado
Mais do que uma solução técnica, o reúso de água, segundo Perufo, representa um modelo virtuoso de integração entre setor público, setor privado e sociedade. Ao mesmo tempo em que garante suprimento hídrico para a indústria, contribui com o meio ambiente, antecipa a universalização do saneamento e gera valor compartilhado para os territórios atendidos.