Setembro Amarelo: orientações para viver bem o ano inteiro

Setembro Amarelo: orientações para viver bem o ano inteiro
Texto: Rosiney Bigattão

Você estava sempre animado para o happy hour com os amigos, para o almoço com o time do trabalho e adorava ir levar e buscar os filhos na escola. Em um dado momento, tudo parece sem graça.

Ou então, percebe que as situações acima estão acontecendo com alguém da sua equipe de trabalho, um amigo ou familiar. Nos dois casos, são sinais de alerta que merecem atenção! Se algo não vai bem, é preciso ajudar ou buscar ajuda.

Esse é o objetivo da campanha do Setembro Amarelo, feita para que as pessoas possam perceber quando é preciso intervir para buscar ajuda, seja para elas mesmas ou para as pessoas que estão ao seu lado.

“Nós somos seres completos e todas as facetas da nossa vida são importantes, então precisamos cuidar da saúde integral: dos aspectos físicos, emocionais, mentais e nas nossas relações de trabalho, de amizades e familiares”, explica.

Os sintomas que podem ser percebidos

“Se eu receber uma notícia ruim, é normal ficar triste, o estranho é não sentir tristeza. O que se torna patológico é aquela emoção crônica, que se torna permanente e tira a vontade de fazer qualquer coisa ou que provoca grandes mudanças, como deixar de comer ou comer excessivamente”, afirma a médica do Trabalho da Aegea, Maíra Guimarães Gasparotto.

Para ela, os sintomas podem ser físicos, emocionais ou mentais. “Tem pessoa que quando está passando por uma adversidade, um transtorno de ansiedade ou depressão, não consegue sair da situação, fica só pensando naquilo, não dorme, pois a mente fica inquieta, com pensamento obsessivo, e acelerado. Vem a sensação de medo e de não ver uma saída para o que está vivendo, que ali é o fim. É uma agitação mental mesmo”, diz.

“Outras têm o funcionamento intestinal desregulado, dor de cabeça frequente, tensões como o bruxismo, que é o ranger dos dentes, ter tremores, suor em excesso e respiração mais ofegante. São sintomas psicossomáticos, pois foram somatizados a partir da nossa mente, justamente porque não conseguimos controlar essa emoção”, afirma. 

A vida não é “instagramável

“Na SIPAT 2024 da Aegea, falamos sobre a importância de cuidar da saúde emocional, de falar sobre as emoções, pois existe uma tendência de distúrbios mentais e de frustrações principalmente em função da exposição que se tem nas mídias sociais, onde todos parecem estar bem, mas na vida real não é assim”, afirma a enfermeira do Trabalho, Jaqueline Zonatto Glese.

“As postagens na internet são uma fatia na vida das pessoas, dificilmente alguém se expõe e diz que o dia foi ruim e que está vulnerável. Vejo os jovens muito vislumbrados com o que veem na internet, como se os influenciadores não tivessem problemas. Na vida nem tudo é “instagramável”, existem problemas, boletos a serem pagos e conversas difíceis necessárias. Tudo bem ficar triste por causa disso”, aponta a médica.

Valorização da vida

“Se houver alguma mudança de comportamento, chegar para a pessoa e perguntar: está acontecendo alguma coisa, precisa de ajuda? Faça com que ela se sinta à vontade para falar. Mostre que ela é importante para você. É uma porta que se abre para orientar que é preciso buscar ajuda com um psicólogo ou psiquiatra”, orienta.

Uma outra forma de buscar ajuda é no CVV, o Centro de Valorização da Vida. É um canal de acompanhamento para pessoas que estão passando por um momento de crise. Não é um cuidado para um mês, mas para todo o ano.

O que posso fazer?

Com o outro, podemos demonstrar interesse, perguntar sobre o que está acontecendo e oferecer ajuda. “Falar do ZenKlub, um benefício que muitas empresas têm, inclusive a Aegea, uma plataforma que oferece quatro sessões online, gratuitas, psicólogos capacitados”, aponta a médica.

“Se o psicólogo que faz o acompanhamento do colaborador ver que é algo crônico, que vai precisar de um tratamento medicamentoso, vai encaminhar para um psiquiatra. Mas muitos dos nossos problemas vinculados às nossas emoções são por falta de gerenciamento mesmo”, afirma.

Ajuda emergencial

Para ela, quando os sinais demonstram que a vida não faz mais sentido ou de aparente mutilação, é o momento de chamar o Corpo de Bombeiros, ou o SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, pois eles fazem uma regulação para identificar a gravidade e fazer o devido encaminhamento para que a pessoa tenha atendimento especializado imediato.

“O CVV, o Centro de Valorização da Vida, também faz essa regulação, tem chat online e funcionamento 24 horas. Tem os serviços das empresas, como o AE Orienta, que tem um 0800, os colaboradores da Aegea podem ligar, com atendimento também 24 horas”, afirma a enfermeira do Trabalho.

Autoconhecimento

Cuidar da nossa saúde integral, segundo a médica, começa com autoconhecimento. “A terapia é importante quando estamos bem, pois assim eu vou me conhecer e saber detectar quando tem uma situação adversa. Deveríamos tratar a terapia como forma preventiva e não reativa, para aprender a lidar com nossas emoções”, diz. A médica lembra que depressão e ansiedade têm tratamento. “O nosso maior inimigo somos nós mesmos. Encarar nossas fragilidades, nossas vulnerabilidades, não é nada fácil. Mas esse é o processo da cura, por isso o autoconhecimento é tão importante – quando eu sei quais são os meus pontos fortes e fracos, fico mais forte”, finaliza