União de esforços melhora qualidade da água na Lagoa de Araruama

União de esforços melhora qualidade da água na Lagoa de Araruama
Texto: Jeferson Marques

Com apoio da Prolagos, pescadores de cinco comunidades realizam nova etapa de retirada de algas na Lagoa de Araruama (RJ), em ação que alia preservação ambiental e valorização da pesca local.

A ação, denominada Mobilização Ambiental e Social do Pescador (MASP), entrou nesta semana em sua segunda fase. Somente nos três primeiros dias de trabalho, foram retiradas cerca de 36 toneladas de algas vivas diretamente da laguna — antes que elas se desloquem e se decomponham nas margens das praias, como Camerum, Mossoró, Boqueirão e Baixo Grande, em São Pedro da Aldeia, e Praia do Siqueira, em Cabo Frio.

Essas áreas possuem baixa renovação hídrica, devido ao formato e à hidrodinâmica da laguna, o que favorece o acúmulo de matéria orgânica e impacta diretamente a qualidade da água e a vida marinha.

Mais de 108 toneladas de algas retiradas na primeira fase

Desde o início da operação, em março, a MASP tem se estruturado com base em decisões técnicas discutidas e aprovadas pelo Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João. A primeira fase da ação recolheu 108 toneladas de algas. Agora, participam da operação 262 pescadores locais, dos quais 240 atuam embarcados, 15 em três píeres distribuídos pela orla da laguna, além de seis coordenadores de campo e um coordenador geral.

“Desde a visualização do impacto sobre a Lagoa de Araruama, houve uma corrente de união para eliminar o problema na sua fonte. As ações estão sendo monitoradas e foram discutidas e aprovadas no âmbito do Comitê de Bacia”, explica Adriana Saad, secretária executiva do Consórcio Intermunicipal Lagos São João.

Preservação e geração de renda

A iniciativa busca também valorizar a atividade pesqueira tradicional, gerando renda para as comunidades envolvidas e ajudando a manter o equilíbrio do ecossistema.

“Retirar as algas vivas ajuda diretamente na qualidade da água e nas condições de pesca. Evitamos que elas se decomponham e formem lama nas praias. Essa ação prova que, com coordenação, conseguimos preservar e melhorar nosso espaço de trabalho”, afirma Roni Ribeiro, diretor da Associação de Pescadores Artesanais da Laguna de Araruama (APAGPLA).

Responsabilidade compartilhada

Toda a ação segue os requisitos legais e ambientais, com licença ambiental obtida e planos de trabalho definidos previamente. Cada pescador participante recebe um kit com camisa, boné e protetor solar, além de ajuda de custo para combustível.

A iniciativa é promovida pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ) e pelo Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ), com o apoio da Prolagos, empresa da Aegea. A MASP representa mais do que uma ação emergencial: é um exemplo de como a atuação conjunta entre comunidades, poder público e setor privado pode gerar resultados concretos para a preservação dos recursos hídricos e para o fortalecimento da pesca artesanal.