Duas vezes ao ano, a Águas Guariroba (MS) adquire parte das sementes de novas espécies coletadas em expedição para expandir a diversidade do Viveiro Isaac de Oliveira, localizado em uma das estações de tratamento de esgoto (ETEs) da concessionária.
A escolha das árvores para a coleta são feitas com base na relevância delas para a vegetação local, mas com um olhar de preservação para todos os seis biomas brasileiros: Cerrado, Amazônia, Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa.
Expedição coleta sementes em cinco estados brasileiros
No caso do Mato Grosso do Sul, a preferência é pelo Cerrado, um dos mais ameaçados com a seca extrema e incêndios dos últimos anos.
“Neste ano, a expedição para a coleta de sementes vai passar por cinco estados: Mato Grosso do Sul, incluindo o Pantanal, Goiás, Tocantins, Bahia e Minas Gerais”, explica o ambientalista Nereu Rios, responsável pela produção do viveiro há 14 anos.
Sementes são como caixas de jóias que guardam o futuro
O trabalho de coleta de sementes ganha uma importância ainda maior com as queimadas que atingem a vegetação de praticamente todos os estados do país – no dia 24 de setembro eram 203.440 focos no boletim do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE.
“É um sentimento de muita dor andar pelo Brasil neste momento, se vê grandes áreas verdes e exemplares centenários de ipês e outras espécies que se transformaram em cinzas. Como é época de coleta, árvores carregadas de sementes estão sendo queimadas, destruindo também as novas matas que elas poderiam gerar”, aponta.
Para ele, sementes são caixinhas de jóia onde se guarda o nosso futuro. “A expedição também nos traz esperança, pois coletamos sementes de árvores que estão ameaçadas de extinção, como puçá, considerada a jabuticaba do Cerrado, e o embaré, também chamado de baobá brasileiro. Se não mantivermos as árvores em pé, onde vamos coletar novas sementes?”, diz.
Matrizes centenárias: patrimônio dos brasileiros
“Vimos o Pantanal sendo desertificado, com carandá e buritis centenários em chamas. São árvores-mãe, matrizes de sementes. Eu planto e vejo o quanto demora uma sementinha para germinar, brotar e crescer”, conta Nereu.
“Precisamos plantar e zelar pelas nossas árvores, é um dos maiores patrimônios que os brasileiros têm, muitas vezes em seus quintais, mas nossos biomas estão ameaçados”, diz.
Viveiro Isaac de Oliveira é crucial na recuperação ambiental
Atualmente, apenas 8,21% do território total do Cerrado é protegido legalmente com unidades de conservação.
Com a produção mensal de 6.000 mudas de 60 espécies de plantas diferentes, o Viveiro Isaac de Oliveira da Águas Guariroba, em Campo Grande (MS) é um importante instrumento de preservação ambiental do Cerrado em Mato Grosso do Sul.
Localizado na Estação de Tratamento de Esgoto Los Angeles, o Viveiro realizou a doação de mais de 640 mil mudas em 14 anos.
Só em comemoração ao Dia da Árvore, celebrado em 21 de setembro, foram doadas mais de 1.000 mudas. Dentre as espécies doadas estão 20 acácias, 30 bacuparis, 379 jamelões, 215 maçãs de elefante, 135 manduvis, 47 marinheiros, 155 pitombas e 161 ipês brancos.
Preservação e retorno da água aos mananciais
“Plantar árvores nativas adquire cada vez mais uma maior importância para o meio ambiente. O reflorestamento garante a preservação e o retorno da água aos mananciais e nascentes. Hoje, nós realizamos o plantio em torno de nascentes, como na Área de Proteção Ambiental (APA) do Guariroba e do Lageado”, afirma o gerente de Meio Ambiente e Qualidade, Fernando Garayo.
“Por meio do viveiro, a empresa apoia proprietários rurais na recuperação de matas ciliares e áreas de reserva legal, reduzindo custos e incentivando a restauração ambiental. Essa iniciativa não apenas fortalece a produção de água, como também aumenta a capacidade de adaptação do sistema de abastecimento frente a situações climáticas extremas, como a atual que estamos vivenciando”, exalta Fernando Garayo.
Mais sobre o Viveiro Isaac de Oliveira
Há 14 anos, a Águas Guariroba criou o Viveiro Isaac de Oliveira com o objetivo de subsidiar os produtores rurais das duas bacias que abastecem Campo Grande e recuperar as matas ciliares e a preservação das Áreas de Proteção Ambiental dos córregos Guariroba e Lageado.
Recentemente, o espaço foi ampliado para atender a alta demanda na Capital e interior do Estado. Após o aumento em 245 metros quadrados a área total do espaço onde as mudas são produzidas, o Viveiro ficou com a capacidade anual de produção de 80 mil mudas.
As mudas são destinadas ao reflorestamento de áreas degradadas, promovendo a recuperação de áreas desmatadas com a flora nativa; a arborização urbana, fornecendo mudas para prefeituras e organizações que trabalham na melhoria da qualidade ambiental das cidades, e a educação ambiental, apoiando escolas e ONGs em projetos educacionais e atividades de plantio.