Entre os dias 7 e 9 de maio, a cidade de Fortaleza (CE) foi palco do 13º Congresso GIFE – o principal espaço de debate sobre filantropia e investimento social privado (ISP) no Brasil.
A Aegea, membro do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, foi uma das apoiadoras da iniciativa, reafirmando seu compromisso com a transformação dos territórios onde atua por meio de práticas sociais, ambientais e de governança.
Com o tema “Desconcentrar para transformar”, o evento reuniu especialistas, lideranças sociais e representantes do setor empresarial para discutir o papel do ISP na promoção de uma sociedade mais justa e democrática.
O debate trouxe à tona questões centrais para o campo da filantropia no país: quem define as prioridades do investimento social? Como desconcentrar poder, conhecimento e recursos em um país historicamente desigual?
Fortalecimento das organizações e descentralização de recursos
Um dos focos centrais do congresso foi o fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil (OSCs), reconhecidas por sua atuação próxima às realidades locais. Embora fundamentais para a transformação social, essas organizações ainda enfrentam barreiras significativas para acessar financiamento de forma estruturada e contínua.
O debate evidenciou a urgência de modelos de apoio que garantam autonomia, legitimidade e sustentabilidade às OSCs, sobretudo fora dos grandes centros urbanos. Isso implica a descentralização não apenas de recursos financeiros, mas também de oportunidades de formação, visibilidade e articulação institucional.
Cultura como vetor de desenvolvimento
A cultura foi abordada como dimensão estratégica do desenvolvimento sustentável, com potencial de promover inclusão, resistência e inovação social. Os participantes destacaram que a cultura vai além da arte: é ferramenta de identidade, pertencimento e transformação coletiva.
Um ponto de atenção foi a concentração dos recursos culturais no Sudeste, que ainda recebe a maior parte dos investimentos do setor. A discussão reforçou a importância de políticas públicas e investimentos privados que descentralizem o apoio à produção cultural e reconheçam a diversidade como motor de desenvolvimento.
Transição ecológica com inclusão produtiva
A construção de uma economia mais verde e sustentável também foi tema de destaque. O desafio apresentado nos debates foi claro: não há transição ecológica justa sem inclusão social. É preciso garantir que ações ambientais caminhem junto de estratégias de geração de renda, acesso ao emprego e qualificação profissional.
As mesas abordaram ainda os riscos de aprofundamento das desigualdades caso as políticas de transição não considerem as populações mais vulneráveis, muitas vezes as mais afetadas pelos impactos ambientais. A atuação conjunta entre setor privado, Estado e sociedade civil foi apontada como caminho para uma transformação mais equitativa.
Compromisso com o futuro do ISP e o papel do saneamento
O Congresso reforçou o entendimento de que o investimento social privado deve assumir um papel transformador e articulado com os grandes desafios do país, como a desigualdade de acesso a direitos básicos, entre eles o saneamento.
“A Aegea entende que o saneamento não é apenas uma entrega de infraestrutura, mas uma alavanca para o desenvolvimento social, ambiental e territorial. Apoiar espaços de diálogo e construção coletiva como o Congresso GIFE é parte do esforço contínuo para promover soluções que sejam, ao mesmo tempo, inclusivas, inovadoras e sustentáveis”, afirma Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea, que participou do evento.