O Festival Pacto das Pretas em 2025 contou com a participação ativa de representantes dos comitês do Respeito Dá o Tom (RDT) nas duas primeiras etapas do evento, realizadas no Rio de Janeiro, em 21 de julho, e em São Paulo, no dia 25.
No Rio, Luana Braguin, gerente de Relacionamento e integrante do RDT pela Corsan, unidade da Aegea no Rio Grande do Sul, integrou as vozes do painel “Como dar tom ao respeito: Case de políticas de inclusão”. Em São Paulo, Keilla Martins, coordenadora corporativa do programa, participou do painel “Ascensão profissional e liderança negra: como romper barreiras no mercado corporativo”.
“A transformação só ocorre com ações intencionais, estruturadas e orientadas por dados. Diversidade precisa ser parte da estratégia de negócios, com metas claras, liderança comprometida e mecanismos de monitoramento”, destacou Keilla Martins em seu painel.
“Foi uma honra compartilhar o case do programa em um espaço tão potente como o Festival. Trata-se de uma jornada que vai além do discurso e que já apresenta resultados concretos dentro e fora da organização”, afirmou Luana Braguin,durante sua participação.
Conexão com uma rede de lideranças
Criado em 2017, o Respeito Dá o Tom é uma iniciativa robusta, orientada por três pilares (empregabilidade, desenvolvimento e relacionamento) com o objetivo de promover a diversidade racial e a construção de uma cultura antirracista em todas as unidades da Aegea. Cada fala, cada troca e cada presença no evento reafirmaram a relevância do programa e a urgência de seguir avançando com responsabilidade e estratégia.
“Estar no Festival Pacto das Pretas 2025 foi um momento de ação e reflexão. Representou a oportunidade de fortalecer o nosso compromisso com a equidade racial e de gênero da Aegea, conectando-nos a uma rede de lideranças e ouvindo novas perspectivas”, diz Luana.
Para ela, participar do Festival Pacto das Pretas foi também reconhecer, com orgulho, o papel transformador que o programa tem desempenhado. “Tivemos o privilégio de encontrar comitês locais engajados, lideranças comprometidas e colaboradores que se reconhecem nessa trajetória de transformação. Ver nosso time presente, ativo e mobilizado, reforçou o quanto estamos no caminho certo, e o quanto ainda podemos avançar”.
Roda de conversa revela o legado do evento
Foram dias de encontros, cheios de trocas, escuta, emoção e, principalmente, potência também para quem esteve na plateia. As pessoas que estiveram lá, garantem que saíram carregadas de propósito e prontas para multiplicar em suas unidades tudo o que vivenciaram. Confira os depoimentos a partir de uma roda de conversa realizada pelo RDT após os eventos.
“Participei das duas etapas do Festival Pacto das Pretas. No Rio, aprendemos que não queremos mais ser a única negra no espaço. A “economia preta” mexeu comigo. Em São Paulo, a tecnologia a serviço da população negra me chamou a atenção. A fala da Keilla no evento foi fortíssima, me deixou energizada, acreditando que o nosso compromisso é real“, afirmou Mirella Sá Simão Saviti, da Águas do Rio.
“Foi um resgate espetacular da minha ancestralidade, uma imersão e uma oportunidade de discutir a questão de gênero: onde estamos, quem somos e como precisamos sofrer para assegurar esse lugar de empoderamento. Estar entre tantas mulheres que fazem desse tema uma luta diária foi incentivador. Saio com a responsabilidade maior de levar isso para a Aegea por meio da Águas de Sinop, enquanto mulher em um cargo de liderança. Com 64 anos, quero ajudar as jovens nesta caminhada”, disse Maria Aparecida Viveiros Lima, da Águas de Sinop (MT), em tom de agradecimento.
Para Bruna de Lima Trajano, assistente administrativa do Instituto Aegea, a variedade de assuntos do Festival Pacto das Pretas possibilitou um ambiente de escuta ativa para as mulheres, em especial as negras. “Além do empreendedorismo e da liderança feminina, vimos a moda como parte da nossa essência. Foi um evento acolhedor, com discussões importantes, como os aspectos da saúde mental e física, que são negligenciados até por nós mesmas, por essa ideia de que a gente aguenta tudo. Falamos também sobre ações verdadeiras realizadas nas unidades da Aegea, pois não basta falar, tem que fazer.”
Maria Wangela Costa de Oliveira Lima,do setor de Eletromecânica Ambiental Ceará, também destacou a maneira como se sentiu acolhida e inspirada a ir mais longe nas ações do Comitê do RDT. “Os painéis foram maravilhosos. Levo para a Ambiental Ceará certeza de que as ações afirmativas têm que virar uma cultura dentro das empresas. Me senti em casa no evento e participar foi como abrir uma caixinha: a gente vê onde está errando, o que precisa melhorar. Ver mulheres como eu me impactou. Vou fazer acontecer. Meu sonho agora é ver nosso comitê como referência nacional”.
“É muito bom saber que a gente faz parte de uma empresa que realmente tem esse cuidado, essa visão e a gente está colocando em prática. E juntos, a gente tem uma força ainda maior. Que nós sejamos a última geração das primeiras“, disse em tom enfático Lívia Caroline Rosa das Neves, coordenadora de Comunicação na Águas do Rio.
“Estive pela primeira vez no Pacto das Pretas, acompanhei em anos anteriores pelo LinkedIn, mas nunca imaginei estar lá. Fui a primeira mulher a realizar trabalho em campo nas unidades da Aegea no Espírito Santo pela Aegea. Agora, depois de ouvir a Djamila (Ribeiro), quero abrir o caminho para meu filho, como o pai dela fez para ela. Amei fazer parte do Respeito Dá o Tom”, contou Jessica de Souza da Silva, assistente Comercial da Ambiental Vila Velha.
Na roda de conversa, outras histórias de superação inspiradoras. “Sou do interior, trabalhei na roça e hoje estou em uma grande empresa e a forma como tenho sido respeitada tem sido transformadora. O evento mostrou que pretas do interior também podem. A sociedade é machista, mas nós podemos e o Pacto das Pretas me fez enxergar tudo o que vivi. Mulheres unidas chegam longe. O negro dá brilho à sociedade”, revela Marineide Gomes de Farias, secretária-executiva da Presidência na Ambiental Ceará.
“Estive pela primeira vez no evento e a coletividade me marcou. ‘Conte comigo, que eu conto com você’ será meu lema a partir de agora. A diversidade precisa ser o centro da estratégia das empresas e voltei pensando em como posso contribuir para ser agente desse processo”, apontou Douglas Freire Bernardo, coordenador de Serviços na Corsan (RS).
Mycaelle da Silva Tavares, analista de RH na Ambiental Ceará, também saiu sensibilizada. “Fui como ouvinte, mas saí com muitos insights como RH. Falar de cotas é uma coisa, mas como garantir permanência? Precisamos de ações com intencionalidade. Não é só meta, é sobre ambiente inclusivo. Quero fazer de toda essa sensibilização motivos para a ação”.
“Esse evento é incrível, pois faz a gente enxergar que, quantas Djamila Ribeiro não são reconhecidas no nosso planeta justamente porque elas não tiveram acesso. E, trazendo para o Respeito Dá o Tom, o legal do programa é conseguir identificar, reconhecer e dar oportunidades reais para promover a equidade”, disse Jailson Gonçalves Bellissimo, analista de Responsabilidade Jr na Ambiental Metrosul (RS).
“Acompanhei o lançamento, em 2017, e desde então participo do comitê. O saneamento é potente e nós, da Aegea, pensamos além do contrato. Cada vez mais, quero contribuir para provocar ações mais estruturantes. Ser mulher já é pesado, mas mulheres pretas enfrentam ainda mais. Quero usar meu lugar para puxar outras mulheres comigo”, afirmou Roberta Moraes, diretora de Relações Institucionais da Prolagos (RJ).
“Foi uma energia completamente diferente. Acolhimento real. Pessoas que nem me conheciam me abraçaram. Mexeu comigo pessoalmente. Em São Paulo, a fala sobre saúde me impactou. Marquei check-up para mim e meu marido. Fazia três anos que não fazia. O evento muda a vida da gente“, disse Luana Braguin.
“O Festival Pacto das Pretas nos ofereceu uma plataforma de construção coletiva. Seguimos comprometidas com esse movimento. Porque dar tom ao respeito é garantir que todas as vozes tenham vez, espaço e impacto. E isso só se constrói com ação contínua, responsabilidade compartilhada e coragem para transformar”, finaliza Keilla Martins.