Mutirões trocam lixo por mudas para recuperar o Mangue Alegria

Mutirões trocam lixo por mudas para recuperar o Mangue Alegria
Texto: Bianca Carvalho

Do berçário ecológico criado no entorno da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Alegria, no Caju, Zona Portuária do Rio, já foram retiradas cerca de 150 toneladas de resíduos.

A cada minuto, materiais plásticos chegam ao Mangue Alegria, transportados pela Baía de Guanabara. Para enfrentar esse desafio, a Águas do Rio, em parceria com o biólogo Mário Moscatelli e a Comlurb, mantém uma força-tarefa permanente de limpeza e regeneração.

Há dois anos, a concessionária implantou nesse ecossistema um berçário ecológico que une engenharia convencional e “engenharia verde” para recuperar uma das áreas mais degradadas da Baía. No lugar do lixo, já foram plantadas mais de 5,5 mil mudas de mangue-vermelho, que começam a devolver vida ao ambiente.

Mobilização e conscientização

Os mutirões de limpeza têm caráter simbólico e educativo: reforçam o compromisso com a recuperação ambiental e alertam sobre o impacto do descarte inadequado de resíduos. Pneus, capacetes e grandes volumes de plástico estão entre os materiais mais encontrados.

O descarte incorreto de resíduos atinge diretamente ecossistemas como o Mangue Alegria, além de bueiros, canais e valas de drenagem, provocando entupimentos, extravasamentos e enchentes em períodos de chuva.

Resultados que já aparecem

“O trabalho diário pode parecer inglório, mas é ele que está trazendo de volta a vida ao ecossistema”, afirma Renan Mendonça, diretor-executivo da Águas do Rio. Segundo ele, a ação tem recuperado a fauna e a flora locais e já contribui para a melhoria da Baía de Guanabara.

Para Moscatelli, a presença humana é essencial: “O lixo cria uma camada de até 15 centímetros sobre o solo, impedindo que as sementes de mangue se fixem. A remoção contínua e o plantio são fundamentais para restabelecer a capacidade natural do ecossistema”.

Meta de regeneração

O projeto prevê a revitalização de 8,2 hectares — o equivalente a oito campos de futebol do tamanho do Maracanã — com o plantio gradual de 13,5 mil mudas. O objetivo é devolver ao manguezal sua função ecológica: atuar como berçário da vida marinha, proteger o litoral contra a erosão e ajudar na captura de carbono.

Para a Águas do Rio, cuidar do Mangue Alegria é mais do que uma ação ambiental: é uma contribuição concreta para a biodiversidade, o equilíbrio climático e a qualidade de vida das comunidades que dependem da Baía de Guanabara.