A entrega das medalhas da primeira edição da Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio no Brasil será no dia 21 de maio. Até lá, o Aegea Blog vai mostrar semanalmente porque esses professores valem ouro.
A OPMbr tem como objetivo melhorar o desempenho dos estudantes brasileiros em matemática e, como consequência, a qualidade da educação no país.
A iniciativa conta com o patrocínio da Aegea, que reforça seu compromisso com a educação e a criação de oportunidades para que milhares de estudantes possam ter um futuro melhor.
Entre os dez premiados, estão três mulheres. Além de inspirar seus alunos para desenvolver o raciocínio lógico, elas atuam nas salas de aula para ampliar o espaço para as mulheres na matemática.
Jornal produzido pelas alunas na sala de aula
A professora Milena Monique de Santana Gomes, da Paraíba, adotou uma prática bem diferente: além das dinâmicas que envolvem jogos interativos, criou um jornal totalmente feito por mulheres. A iniciativa foi um sucesso, mostrando que há espaço para todos e todas.
“Eu não me sentia pertencendo ao universo da matemática, com a maioria masculina. Mesmo no doutorado me questionavam se teria capacidade para isso. Agora quero mostrar aos estudantes que todos têm potencial para serem o que quiserem, independente do gênero”, diz.
Um bilhete para a matemática
Ela conta que a matemática mudou a vida dela, pois está em tudo. “Desde um exame como ultrassonografia, nas áreas financeira e econômica do país, nessa nova dinâmica de inteligência artificial, que traz muitas oportunidades e precisa de gente capacitada para trabalhar”, afirma.
Infelizmente, segundo ela, a matemática ainda é o terror dos alunos. Como mudar?
“No início do ano, peço que escrevam um bilhete para a matemática, no anonimato, leio todos e há uma identificação muito grande. Ao final do período, depois das lições que buscam aproximação deles com os números, eles reescrevem e parecem que são outras pessoas, a evolução e desenvoltura são impressionantes”, conta.
Canal no YouTube para as aulas durante a pandemia
Se presencialmente os alunos têm medo da matemática, imagine nas aulas online. Na busca de solucionar a questão, a professora Josiéli Fátima Pagliosa, de Erechim (RS), criou um canal no YouTube. “Os alunos me ajudavam com apoio tecnológico”, conta ela.
A maior parte do tempo era ocupada por jogos interativos. Quando as aulas voltaram a ser presenciais, passou a desenvolver jogos físicos no Laboratório de Matemática para desenvolver habilidades. Tinha até baralho. O interesse dos alunos, tímido no início, foi só aumentando.
Usamos a matemática o tempo todo em nossas vidas
Um aviãozinho de papel na sala de aula se transformou em motivo para a aula de matemática. “Peguei o aviãozinho que um aluno tinha soltado e o transformei em aula de geometria. Os alunos calcularam o perímetro, definiram os ângulos formados em cada dobradura e aprenderam muito”, diz.
“A matemática é parte fundamental da nossa vida, com ela a gente produz conhecimento e tem todo o desenvolvimento que ela proporciona, não é só para dar aulas. Até em casa, na hora de fazer uma lista de supermercado, uma receita, estamos usando matemática. Então as mulheres usam – e muito – a matemática e é preciso quebrar esse tabu”, afirma.
Com empatia professora mineira desperta a paixão dos alunos
Mais do que lições de matemática, os alunos da Escola Estadual David Campista, em Poços de Caldas (MS), recebem da professora Silmara Silva ensinamentos que vêm do ensinamento que ela recebeu dos pais.
“Meus pais me olhavam com muita empatia, sabendo que eu estava descobrindo o mundo e tinha muitas curiosidades. Eles realmente dedicavam seu tempo para me explicar sobre as coisas. Hoje, faço exatamente assim com os meus estudantes”, conta.
Outro ponto de destaque na metodologia desenvolvida por ela é o acolhimento. “Não deixo ninguém para trás. Quando percebo que um aluno está com dificuldade, me aproximo ainda mais, mostro que outros têm, até que ele se sinta confortável em expor suas dúvidas”, diz.
Para incentivar as alunas, convidou cinco delas para assistirem a defesa de Mestrado na universidade. “Saíram de lá animadas a continuarem estudando matemática cada vez mais”, afirma Silmara. “Carinho e acolhimento são sempre transformadores”, conclui.
Próximos passos
Depois do evento de premiação em 21 de maio, Os professores que conquistaram a Medalha de Ouro farão, em setembro, um intercâmbio internacional de capacitação técnica e cultural de 15 dias no Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco) na Universidade Normal de Xangai, na China.