Clima, território e cor: live discute racismo ambiental e justiça climática

Clima, território e cor: live discute racismo ambiental e justiça climática
Texto: Felipe Arguelho

A live “Clima, território e cor: o que é racismo ambiental?” reuniu mais de 460 colaboradores no dia 26 de junho em um diálogo potente e transformador sobre os grandes desafios que envolvem as mudanças climáticas e os seus impactos que amplificam as desigualdades e as injustiças socioeconômicas já existentes.

O encontro promovido pelo Respeito Dá o Tom foi mediado por Keilla Martins, coordenadora do programa e contou com a participação de Maíra Sugawara, coordenadora de Qualidade Ambiental do Instituto Aegea, Thaís Nascimento, coordenadora do Programa GIF – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas e Gibson Trindade Torres, gerente executivo do Pacto de Promoção da Equidade Racial.

Clima também é questão de território e cor

Maíra Sugawara abriu a conversa explicando o conceito de justiça climática e como as mudanças climáticas afetam de forma desigual diferentes grupos da sociedade. Ela  destacou a importância de analisar como o território onde se vive impacta diretamente o acesso à infraestrutura, saneamento e políticas públicas de proteção ambiental.

“Justiça climática é entender que os impactos das mudanças climáticas não são iguais para todos. Precisamos olhar para o território e para quem vive nele”, afirmou Maíra.

Racismo ambiental e a cor da desigualdade

Gibson Torres, aprofundou o debate trazendo o conceito de racismo ambiental, que aponta como comunidades negras, indígenas e periféricas são historicamente as mais expostas a situações de risco ambiental.

Ele destacou que, no Brasil, a desigualdade racial é também ambiental, já que esses grupos são os mais afetados pela ausência de serviços básicos como coleta e tratamento de esgoto e acesso à água tratada.

“O racismo ambiental está presente quando populações racializadas são as mais impactadas por desastres naturais, falta de infraestrutura e negligência do poder público”, explicou Gibson.

Ouvir os territórios: a base para a justiça climática

Thaís Nascimento trouxe o olhar da filantropia e do investimento social privado, destacando a importância de valorizar os saberes e lideranças dos territórios. Ela defendeu que soluções eficazes para a crise climática passam pela escuta ativa de quem vive o problema todos os dias.

“A resposta está nos territórios. É preciso escutar as pessoas que vivem nas comunidades para construir caminhos possíveis”, afirmou Thaís.

A live foi marcada por reflexões potentes, como a necessidade de reconhecer o papel das mulheres negras, quilombolas, ribeirinhas e indígenas na preservação do meio ambiente, e o convite à ação para enfrentar desigualdades estruturais.

“Não dá para falar de justiça social sem falar de justiça racial. E não dá para falar de justiça climática sem falar de território e de cor”, concluiu Gibson.