Coletar e tratar o esgoto é cuidar dos oceanos

Coletar e tratar o esgoto é cuidar dos oceanos
Texto: Aline Magno e Rosiney Bigattão

Os sinais de recuperação na Baía de Guanabara, um dos maiores cartões-postais brasileiros, são visíveis. No Dia Mundial dos Oceanos, 8 de junho, a Rede Globo mostrou em uma reportagem o ressurgimento da vida marinha em um dos mais belos ecossistemas do mundo.

Imagens de um mergulho noturno feito em maio revelam a fauna marinha voltando a se desenvolver no local. Feitas pelo biólogo marinho Ricardo Gomes, que é diretor do Instituto Mar Urbano, foram mostradas na reportagem do RJ TV de Ben-Hur Correia, que foi ver a mudança de perto.

Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano.

Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano.

Água clara na Baía de Guanabara depois de 30 anos

Ricardo faz mergulhos no local há 30 anos e disse à reportagem da Globo que nunca tinha visto uma água tão clara. Contou também que a vida marinha está voltando. A explicação para a melhora significativa segundo especialistas, vêm das ações de despoluição.

Tratamento do Rio Carioca melhorou balneabilidade de praias

Segundo a Águas do Rio, responsável pelos serviços de água e esgoto do local, a principal ação foi o tratamento do Rio Carioca. Por meio de um desvio para o Interceptor Oceânico, parte da água contaminada pelo esgoto da zona sul do Rio, segue agora para o emissário submarino de Ipanema.

A ação evita que mais de 250 litros por segundo de água contaminada pelo esgoto vá para a praia do Flamengo. Há sete meses seguidos, a praia vem apresentando boas condições de balneabilidade, segundo o Inea, Instituto Estadual do Ambiente.

Outros projetos inovadores e parcerias

Não é uma atuação isolada. Os avanços vistos na Baía de Guanabara já é uma realidade na Lagoa de Araruama e praias da Região dos Lagos, onde o trabalho da Aegea está mais consolidado. Com projetos inovadores e parcerias estratégicas, além da balneabilidade das praias, a Aegea atua também na recuperação de manguezais, de lagoas, rios e na conscientização sobre o descarte correto dos resíduos.

Tudo isso resulta em melhores condições da qualidade da água dos oceanos, pois as águas correm para o mar – no Brasil, não se trata apenas de poesia ou ditado popular. Devido às elevações da América do Sul, a grande maioria dos rios brasileiros desaguam no mar.

Blue Keepers desenvolvido pela Ambiental Serra (ES) combate poluição dos oceanos. Projeto foi implantado em outras localidades pela Aegea.

Blue Keepers, projeto do Pacto Global da ONU – Rede Brasil que a Aegea apoia desde 2023 no combate à poluição crônica dos oceanos desenvolvido pela Ambiental Serra (ES) e Prolagos (Região dos Lagos, RJ). 

Saneamento e oceanos

“Os oceanos têm sido muito castigados nas últimas décadas pela poluição. Cada litro de esgoto que nós coletamos e tratamos, principalmente nas cidades litorâneas onde atuamos, são litros de esgoto que deixam de ir para os oceanos sem tratamento”, afirma o presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade da empresa, Édison Carlos.

Só no ano passado, foram coletados e tratados pelas unidades da Aegea aproximadamente 600 bilhões de litros de esgoto. Em 2024, as redes de coleta e tratamento avançaram ainda mais nos mais de 500 municípios onde a empresa atua.

“Nós temos que lembrar que temos mais de dois bilhões de pessoas que não têm saneamento no mundo e grande parte desse esgoto acaba no oceano, prejudicando a pesca, a vida marinha e a economia mundial, pois grande parte dela passa pelos oceanos. É preciso olhar para os oceanos”, diz.

Coordenação da Plataforma Ação pela Água e Oceano

Junto ao Pacto Global da ONU no Brasil, além de apoiar o Projeto Blue Keepers, a Aegea contribui também para a construção de uma agenda de governança. São ações e parcerias para aumentar a resiliência hídrica, acesso ao saneamento, circularidade e recuperação de recursos.

Como coordenadora da Plataforma de Ação pela Água e Oceano, junto aos diversos representantes das empresas engajadas, a Aegea participou de eventos presenciais e online para falar dos avanços dos projetos e ações coletivas.

Um dos destaques foi a Coalizão Brasileira pela Resiliência Hídrica, iniciativa do Movimento +Água do Pacto Global da ONU. O objetivo é ser um grande chamamento para empresas unirem esforços e ampliar a proteção de bacias hidrográficas de forma conjunta, aumentando os ganhos de resiliência hídrica e conservação da natureza.

Foi apresentado nos eventos o projeto em parceria da Aegea e WWF-Brasil nas Cabeceiras do Pantanal por Maíra Sugawara e César Freire (leia sobre o assunto na matéria a seguir).

Marina de Castro Rodrigues, gerente de Sustentabilidade da Aegea,  também representou a Plataforma de Ação pela Água e Oceano em uma live promovida pelo Um Só Planeta. Mediados por Vanessa Oliveira, Samuel Barreto (TNC), Luciana Alves (WRI), José Ricardo Sasseron (Banco do Brasil) e Alison Ferreira (Gerdau) e Marina discutiram os desafios da construção de resiliência hídrica no Brasil.