Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), o foco se volta também para a questão dos resíduos sólidos no Brasil.
O prazo previsto pelo novo Marco Legal do Saneamento para o fim dos lixões, com destinação adequada dos resíduos sólidos, termina em agosto de 2024. O País ainda tem mais de 2,5 mil lixões.
Eles recebem quase 30 milhões de toneladas de resíduos por ano sem tratamento, o que equivale a mais de 700 estádios do Maracanã cheios, conforme mostrou o Cidades e Soluções.
Destinação inadequada dos resíduos aumenta gastos com saúde
O acúmulo de lixo em locais abertos, sem tratamento, causa problemas ambientais, como a contaminação dos solos e do lençol freático e também para a saúde das pessoas. São doenças respiratórias, de pele e daquelas que podem ser transmitidas por insetos e pequenos animais atraídos para esses locais.
Um artigo do professor doutor Fabio Rubens Soares, publicado no FGV in Company, mostra que a destinação inadequada dos resíduos urbanos implica em um gasto anual de aproximadamente R$ 5,5 bilhões em tratamentos de saúde.
Segundo o engenheiro Químico com doutorado em Energia e Pós-doutorado em Bionergia, ainda são 39,5% do total de resíduos sem direcionamento adequado, o que coloca em risco a saúde dos moradores de 2.100 municípios.
Regenera Cariri: impacto positivo para moradores e meio ambiente
No Ceará, nove municípios da região do Cariri estão se movimentando para buscar soluções para a questão dos lixões ainda existentes. O passo pioneiro veio em 13 junho de 2023, com a assinatura do contrato da Regenera Cariri, resultante do consórcio entre a Aegea e a Engep Ambiental.
A primeira empresa da Aegea para atuar no tratamento de resíduos sólidos vai beneficiar mais de 350 mil pessoas nas nove cidades que terá a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Cariri. Um impacto positivo direto na vida da população e do meio ambiente.
Valorização dos aquíferos e tesouros culturais
“O Cariri é uma região muito rica em aquíferos e são eles que abastecem as cidades, pois a água majoritariamente vem do subsolo, então ao destinar os resíduos urbanos em um local sem controle e qualquer tipo de manejo ambiental, os aquíferos ficam suscetíveis à contaminação”, diz a coordenadora da Regenera Cariri, Izabela Campos Sena.
“A nossa proposta é garantir que as águas dos aquíferos do Cariri permaneçam intactas e essa preservação ambiental da região contribuirá para a valorização da riqueza histórica e cultural, pois há vários sítios arqueológicos e muitos outros tesouros históricos”, afirma.
Tecnologia e economia circular
O projeto conta com tecnologia e estratégias para a gestão de resíduos. Com qualificação de mão de obra e investimentos na economia circular a partir da reciclagem de resíduos, vai garantir que se estabeleça condições mais adequadas e modernas no manejo de resíduos sólidos, promovendo a preservação dos recursos hídricos, da saúde dos moradores e gerando desenvolvimento sustentável.
A empresa está estruturada para atender aos nove municípios do Cariri cearense. Pelo contrato, a Regenera Cariri passa a atuar no manejo dos resíduos sólidos a partir do transbordo, do transporte, pois a coleta continua com as prefeituras.
“O contrato prevê uma central municipal de reciclagem por município. Hoje, os municípios atendidos ainda têm lixões e a Regenera Cariri é o caminho que vai possibilitar que os lixões sejam fechados. Os catadores, que trabalham nos lixões, serão capacitados para atuar na reciclagem”, conta Izabela.
A responsabilidade de fechar os lixões e de fazer todo o manejo ambiental que precisa ser feito após o fechamento cabe às prefeituras. “A Regenera Cariri entra com a tecnologia e todo o processo para que os resíduos passem a ter o destino ambientalmente correto”, afirma a coordenadora.
Funcionamento a partir de outubro
Vai funcionar assim: as prefeituras fazem a coleta e encaminham os resíduos recicláveis para as Centrais Municipais de Reciclagem, onde serão triados pelos catadores. Os resíduos não recicláveis vão para um ponto de transferência, que são as Estações de Transferência de Resíduos (ETRs).
A partir daí, a Regenera Cariri coloca esse material em caminhões maiores e envia para o centro de tratamento de resíduos, um local para atender aos nove municípios.
Dentro da Central de Tratamento de Resíduos uma unidade de tratamento mecânico vai fazer uma nova triagem, separando o que ainda pode ser reciclado ou compostado. O que não tiver mais aproveitamento, que é chamado de rejeito, seguirá para o aterro sanitário.
As três fases da implantação da empresa
A Regenera tem três fases importantes: a assinatura do contrato, momento de pré-operação e a fase operacional. Atualmente, está na fase pré -operacional, onde têm sido feitas as etapas necessárias para viabilizar a implantação das estruturas tais como: licenciamentos, aquisição de áreas, elaboração de projetos, seguros de ordem de execução e toda a mobilização do time que executará a fase operacional.
Uma central regionalizada de tratamento de resíduos atenderá aos nove municípios, que deverá iniciar a operação no quarto ano, conforme o plano da concessão. Até lá, os resíduos serão destinados em aterro sanitário licenciado na região desde o início da operação da Regenera, prevista para outubro deste ano.
“Vamos dar dignidade aos catadores com investimentos em um central de reciclagem moderna e que permita aos catadores trabalhar com dignidade e remuneração adequado. As centrais vão permitir reciclar o material tal como plástico, metais e papelão contribuindo assim a um futuro mais azul, sustentável”, afirma o diretor da Regenera Cariri, Franklin Willemyns
Compromisso ambiental e social
A Regenera Cariri está capacitando o pessoal, não só os catadores. “Não se pode falar em preservação ambiental sem o manejo correto de resíduos sólidos, então o Cariri sai como pioneiro na forma de garantir preservação”, diz Izabela.
“Com a Regenera Cariri, a Aegea consegue permear todos os eixos do saneamento básico, fortalecendo a atuação pela preservação do meio ambiente, pois cuidar dos resíduos sólidos é cuidar da natureza”, afirma.