Durante a FITABES 2025, realizada em Brasília, o 33º Congresso da ABES promoveu debates decisivos sobre o futuro do setor de saneamento no país. Rogério Tavares, vice-presidente de Relações Institucionais da Aegea e presidente da ABCON, participou de painéis fundamentais sobre os rumos e os desafios da universalização dos serviços de água e esgoto no Brasil.
O desafio da universalização até 2033
No “Painel dos presidentes”, Tavares abordou o caminho para alcançar as metas do Novo Marco Legal do Saneamento. Para ele, o setor necessita de boas modelagens, governança robusta e respeito aos contratos firmados. Destacou ainda a importância da previsibilidade regulatória para garantir o equilíbrio econômico-financeiro, essencial para atrair e manter investimentos privados — estimados em R$ 893 bilhões até 2033.
Inclusão social e sustentabilidade contratual
O executivo defendeu a ampliação da Tarifa Social como instrumento de justiça social, desde que acompanhada por mecanismos de reequilíbrio contratual. Ele destacou que esses ajustes devem considerar o poder de pagamento da população, a estrutura de subsídios cruzados e, quando necessário, a extensão da curva de investimentos.
Gestão eficiente e inovação tecnológica
No dia 27, durante o painel “Do desafio à solução: gestão eficiente e inovação no saneamento”, promovido pelo Comitê Nacional da Qualidade da ABES, Tavares discutiu estratégias para melhorar a gestão do saneamento frente à escassez de recursos e à urgência por inovação.
Ele apresentou resultados concretos do uso de tecnologia na redução de perdas: em 2024, o setor poupou 5,3 bilhões de litros de água, com o auxílio de satélites com inteligência artificial, sensores de pressão e geofones. Hidrômetros modernos e redes atualizadas completam a transformação digital em curso.
Financiamento e disciplina na expansão
Outro destaque foi a estrutura de financiamento do setor. Tavares falou sobre a importância da disciplina na alocação de capital e da trajetória de desalavancagem das empresas do setor. Mencionou o acesso crescente ao mercado de capitais, tanto local quanto internacional, com destaque para a emissão de títulos sustentáveis, como debêntures azuis e green bonds.
Segundo ele, o crescimento do setor deve ocorrer com responsabilidade — avaliando criteriosamente cada novo projeto, garantindo retorno adequado e priorizando ganhos de eficiência, especialmente nos ativos recém-integrados.
Um setor em transformação
Tavares reforçou que o setor de saneamento vive um momento histórico de expansão e transformação. O modelo baseado em parcerias público-privadas, inovação e eficiência tem se mostrado eficaz para enfrentar os gargalos do setor. Casos como a evolução da Corsan, no Rio Grande do Sul, e da Águas do Rio, no estado fluminense, foram apontados como exemplos de operações em progresso com potencial de impacto significativo.