Glocal Experience mostra projetos e caminhos para a sustentabilidade

GLOCAL Experience painel Águas do Rio Aegea

Depois de Sônia Bridi, o painel para discutir os caminhos para preservar a água no Planeta Terra com a participação do Instituto Aegea, a importância dos oceanos foi o foco dos diálogos na Conferência da Glocal Experience.

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Importância dos oceanos é pouco conhecida pelos brasileiros

Pouco se sabe sobre o mar e o grande desafio a ser enfrentado é engajar a população na proteção dos oceanos. Este foi o ponto principal discutido pelos participantes em “Um olhar para o oceano”, na tarde de quinta, 14 de julho.

Janaína Bumbeer, especialista em conservação da biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, apresentou os resultados de uma pesquisa que constatou que 80% das pessoas desconhecem que a maior parte do oxigênio que respiramos vem do mar.

Ana Asti, subsecretária de Recursos Hídricos e Sustentabilidade da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, lembrou a estimativa feita pela ONU de que até 2050 o oceano terá a mesma quantidade de peixes e de plástico.

Flavio Andrade, CEO da Ocean Pact, que desenvolve soluções seguras ambientalmente para operações submarinas, reforçou a necessidade de conhecimento e investimento para se cuidar e proteger o oceano. 

“Precisamos ter em mente que, dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o de número 14 – Vida na Água, é o que recebeu menor volume de investimentos globalmente”, disse o CEO da empresa.

O biólogo Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano e diretor do documentário Baía Urbana, sobre a Baía da Guanabara, associou-se à Flavio Andrade em uma ação de replantio de 30 mil árvores no mangue da baía. 

“Nós nos preocupamos com bens, mas a grande herança que podemos deixar para nossos filhos é o oceano saudável”, disse Ricardo, que também é mergulhador e chamou a atenção do mundo todo para a Baía de Guanabara.

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Saneamento e Justiça Social

A necessidade de empatia e engajamento da sociedade para que o tema saneamento seja reconhecido como um direito fundamental da população também foi destacado no encontro que reuniu Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas (CUFA), Luana Siwert Pretto, CEO do Instituto Trata Brasil, e Vinícius Lopes, do Data lab/Cocozap, rede de whatsapp da Maré, que reúne informações e denúncias de assuntos ligados ao saneamento na região.

“Muitos não entendem a relação entre saneamento e saúde, saneamento e educação. Dados mostram que há três anos de atraso escolar onde não há saneamento”, disse Luana.

“Nosso grande desafio é enfrentar a naturalização desses problemas. As pessoas se acostumam a não ter água e esgoto e acham que isso é normal”, afirmou Vinícius.

“Temos que focar na potência e não na carência das favelas. O morador das favelas tem que mostrar que tem o direito de usufruir do seu poder de produzir”, pontuou Preto Zezé.

União para recuperar a Baía de Sidney

Jeremy Dawkins, professor da Universidade de Camberra, contou sua experiência no processo de recuperação da Baía de Sidney, realizado para as Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000. 

Dakwins reforçou o que Adam Kehane havia dito em sua participação na conferência da Glocal Experience, no dia 13 de julho: a busca de solução para problemas complexos não deve ser feita a partir de uma única visão, mas por várias vozes. “Grupos tendem a chegar a soluções mais moderadas”, disse Dawkins.

Além da busca da visão múltipla para a solução de um problema do porte da recuperação da Bacia de Sidney, Jeremy Dawkins enfrentou um trabalho complexo de engenharia, que culminou com a construção de um túnel profundo, 100 metros abaixo do nível do mar e com 20 quilômetros de extensão. 

O túnel é usado como um grande depósito para onde é deslocado o fluxo de rejeitos quando há grandes chuvas. O excesso é bombeado para o túnel, onde fica armazenado até que o sistema de coleta esteja menos sobrecarregado — uma espécie de piscinão gigante, com capacidade para até 500 milhões de litros de resíduos urbanos.

A recuperação da Lagoa de Araruama 

Depois de mais de duas décadas, os cavalos-marinhos voltaram à Lagoa de Araruama. A boa notícia na Glocal Experience foi dada por Eduardo Pimenta, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João, que promove a gestão sustentável dos recursos hídricos na Região dos Lagos. “Em 2000, a Lagoa colapsou por causa da ausência de saneamento”, contou Pimenta.

Um trabalho conjunto com a concessionária Prolagos, unidade da Aegea na Região dos Lagos (RJ), que construiu um cinturão de coleta e um aterro sanitário, criou as condições para a recuperação da lagoa. Os primeiros resultados surgiram em 2016 e atualmente, de acordo com Eduardo Pimenta, 85% das praias estão em condições ótimas ou boas de balneabilidade; 10% em condições regulares e apenas 5% em más condições.

A volta dos cavalos-marinhos

“A atividade pesqueira voltou, assim como o turismo e os esportes náuticos, melhorando a economia da região. Hoje temos de volta aves que migram do sul do Canadá e norte dos Estados Unidos. E depois de 20 anos, os cavalos-marinhos voltam para as águas da lagoa”, contou.

O secretário estadual da Casa Civil, Nicola Micione, destacou como a experiência da Lagoa de Araruama mostra o que a parceria com sistema privado pode representar para outras baías e lagoas. 

“Teremos investimentos de quase R$ 3 bilhões para recuperar a Baía de Guanabara, o complexo lagunar da Barra e de Jacarepaguá e o Guandu. Daqui a oito anos, quando estivermos na Glocal Experience de 2030, vamos mostrar imagens desses locais limpos”, disse.

Alaildo Malafaia, presidente da Cooperativa Manguezal Fluminense, falou sobre a importância da região da APA de Guapimirim para a recuperação da baía. “Ali há a desova de várias espécies. Essa baía que a população não conhece é muito rica”, disse. 

Boas notícias

Com o conhecimento de um pescador que tira seu sustento da região há muitos anos, Malafaia calcula que se houver ação eficaz para impedir ou reduzir os despejos de lixo e esgoto na baía, em cinco anos ela pode se recuperar.

No segundo dia de conferências da Glocal Experience, que teve a água como tema, representantes das novas concessionárias de água e esgoto do Estado do Rio de Janeiro trouxeram boas notícias para a população. 

Com os investimentos estabelecidos nos contratos de concessão, a previsão é de aumento da população atendida por esses serviços, ampliação da captação reduzindo a insegurança hídrica e de recuperação de lagoas e baías.

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Recuperação da Baía de Guanabara

O diretor-presidente da Águas do Rio, Alexandre Bianchini, garantiu que cumprirá uma promessa ouvida há décadas pela população do Rio: a recuperação da Baía de Guanabara.

“Vamos assumir o protagonismo da entrega da Baía de Guanabara para que a população volte a admirá-la”, disse.

O projeto começa com a recuperação da estrutura existente e a limpeza dos coletores, de acordo com Bianchini. Em até cinco anos, contados a partir de 2023, uma rede coletora, uma espécie de cordão de isolamento, será construída na Baía de Guanabara, procedimento semelhante ao que foi feito na Lagoa de Araruama, com investimento de R$ 2,7 bilhões. Em até 12 anos, de acordo com Bianchini, 90% do esgoto de sua área de concessão estará tratado.

Participante da conferência, intitulada “A universalização do saneamento no Rio de Janeiro”, Leonardo Soares, presidente da Cedae, disse que a chegada das novas concessionárias está permitindo que a empresa possa fazer maiores investimentos em infraestrutura. 

“Estamos ampliando o Guandu, que atende 9 milhões de pessoas e ampliando a captação em outras regiões. É um modelo em harmonia com novas concessionárias em benefício da população do estado”, disse.

Leonardo Righetto, da Águas do Brasil, afirmou que a prioridade de sua empresa é reduzir os índices de desperdício e perdas, que chegam, na média nacional, a 40%. “É um índice insustentável economicamente e ambientalmente“.

Para isso, Righetto e os demais participantes da conferência – Maurício Knoploch, do Instituto Rio Metrópole, e Lucas Arrosti, diretor de Operações da Iguá Saneamento — concordam que é necessária a conscientização da população, com campanhas educativas.

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O Rio que queremos

No início da manhã, na conferência “O que é a Glocal Experience e o que se propõe”, foi lançado o Conselho Consultivo da entidade e apresentada a proposta de seu trabalho pelos próximos anos.

Christel Scholten, diretora-executiva da Reos Partner Brasil, contou que serão mapeados 40 personagens que representam os vários microcosmos do estado do Rio, com critérios de diversidade de raça, gênero e ideologia. Entrevistas com esses atores servirão de insumos para oficinas onde se construirão cenários de possíveis futuros.

Participaram também da apresentação Duda Magalhães, presidente da Dream Factory; Rodrigo Cordeiro, diretor-geral da Glocal; Rodrigo Baggio e Walter Carvalho, membros do Conselho Consultivo da Glocal, e Paulo Protásio, diretor executivo da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável.

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Mais sobre a Glocal Experience

A Glocal Experience é uma iniciativa da Dream Factory. O patrocinador master é a Águas do Rio, com patrocínio do Instituto Aegea, Enel Distribuição Rio, Corona, Cedae e da Lei estadual de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro. A Glocal conta ainda com as parcerias de mídia da Eletromidia, Itabus e TV Globo, além do apoio da OceanPact, Águas do Brasil e Rio + Saneamento. São apoiadores institucionais da GLOCAL: Alana, Instituto Igarapé, Pacto Global, FGV, Prefeitura do Rio e BR Marinas e com parceria da Maria Farinha Filmes. A curadoria e conteúdo é de responsabilidade da Andara e a Moderação dos Laboratórios tem a coordenação da Reos Partners.   Saiba mais em: glocalexperience.com.br

Fotos: Ademir Junior, Júlio César Guimarães e Paulo Whitaker.

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