Lodo que fertiliza

Compostagem

O uso de biossólidos resultantes do tratamento de esgoto em solos cultiváveis, áreas degradadas e áreas de reflorestamento foi discutido em um seminário da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), em Campo Grande (MS).

De acordo com os organizadores, a ideia foi expor e discutir soluções inteligentes para dar um destino mais nobre ao lodo – rico em nutrientes -, que atualmente acaba indo parar em aterros sanitários em regiões específicas do MS: um estado de economia predominantemente agrícola.

A utilização do lodo para a fertilização e correção de solos cultiváveis já é comum em países da Ásia, Europa e América do Norte. O subproduto do tratamento de esgoto pode conter nutrientes como nitrogênio, potássio e fósforo, cujas fontes são escassas e a extração dispendiosa.

Além disso, o transporte do lodo rico em nutrientes aos aterros sanitários pode reduzir sua vida útil e demanda a queima de combustíveis fósseis e consequente emissão de gases-estufa, que contribuem para o aquecimento global.

No Brasil, no entanto, barreiras culturais e entraves regulatórios tornam a prática menos aceita. Mas isso começa a mudar. Algumas unidades da Aegea já trabalham para mudar essa situação: Ambiental Metrosul (RS) e Mirante (SP), com resultados bastante positivos.

Fertilizante orgânico

Em parceria com os pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a Mirante desenvolveu um sistema de reaproveitamento do lodo a partir da secagem do lodo que sobra do tratamento de esgoto.

Ao ser tratado, o esgoto passa por processos de filtragem para remoção dos sólidos. A partir daí, as bactérias fazem o tratamento. O que resta desse processo é o lodo, o material rico em nitrogênio. Retirado dos tanques, ficam em uma estufa para secagem.

Depois que perdeu bastante água, o lodo é misturado aos materiais estruturantes, ricos em carbono, como poda de árvores, grama ou similares. O fertilizante orgânico está sendo usado em caráter experimental em lavouras. A pesquisa em Piracicaba tem a participação da Agência Paulista de Tecnologias do Agronegócio (Apta).

Experiência em Canoas (RS)

O material resultante da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Mato Grande, em Canoas, também começa a ter um destino mais nobre do que o aterro sanitário.  São 500 toneladas de resíduo geradas por mês que passam a ser tratadas para serem transformadas em insumo orgânico.

O método utilizado pela Ambiental Metrosul é o de “leiras”, faixas de terras dispostas sobre uma base de lona para o isolamento do solo. O lodo é misturado primeiro à uma mistura de serragem.  A temperatura deve atingir 55 graus celsius para um resultado mais eficiente.

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