Há muito se fala sobre mudanças climáticas, fenômeno natural que tem se modificado com as ações humanas e que é hoje um dos principais desafios mundiais. Passos importantes estão sendo dados para mitigar suas causas e desacelerar o aquecimento global, mas, se antes o tema parecia apenas previsão de cientistas, agora não dá mais para ignorar.
O clima mudou de forma acelerada e a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo está sendo afetada. Nem mesmo os países ricos têm conseguido evitar tragédias decorrentes do calor, frio e chuvas extremas, por exemplo. Mas é a população vulnerável quem mais sofre com as variações extremas.
As causas das mudanças climáticas
No Brasil, os exemplos estão de norte a sul do país, com cenários que trazem muita preocupação. O que explica o calor acima do suportável, com o termômetro em várias cidades brasileiras marcando acima dos 44°?
Como justificar as secas extremistas atingiram em cheio os rios da Amazônia – um dos maiores mananciais de água doce do planeta, com leitos que se transformaram em areia onde se pode caminhar?
O local é regido pelo ciclo natural das secas e cheias, agravado pelo El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico. A situação hídrica se agrava também pela intensidade do desmatamento e fogo. Mais grave ainda é que as águas do Atlântico estão mais quentes, o que reduz a quantidade de chuva que encheriam os rios amazônicos.
Os impactos adversos devido aos eventos climáticos extremos atingiram em cheio o Rio Grande do Sul. Chuvas acima da média, ciclones extratropicais e elevação da temperatura média anual da atmosfera. Em evento no estado, o Pacto Global da ONU ressaltou a necessidade de reavaliar a gestão dos recursos hídricos e de preparar o setor produtivo e de abastecimento humano para eventos críticos.
Gases de efeito estufa
Afinal, o que está causando as mudanças climáticas? A questão toda se resume na emissão de gases, entre eles o dióxido de carbono – que tem em sua composição o elemento químico de símbolo C da tabela periódica, que está presente no grafite e no diamante, mas se liga a tantos elementos que formam milhões de compostos orgânicos.
“As mudanças climáticas estão diretamente ligadas ao efeito estufa, outro fenômeno natural que, sozinho, é até benéfico para a vida na terra, pois reflete parte dos raios solares que atingem o planeta e mantém aqui o calor ideal para que a vida se desenvolva”, explica Laís Salvino, especialista em Gestão de Carbono e Lodo da área de Engenharia da Aegea.
Segundo ela, o problema é que os gases foram se acumulando, elevando as temperaturas e provocando o aquecimento global. A emissão de gases foi intensificada a partir da Revolução Industrial, no final do século XVIII. Aqueles gases que estavam estocados nos combustíveis fósseis, como o carbono, foi a virada de chave para esses gases se acumularem na atmosfera.
Os principais gases de efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2), o metano e o óxido nitroso. O CO2 perdura na atmosfera por até mil anos, o metano por cerca de uma década e o óxido nitroso por aproximadamente 120 anos.
Os resultados do desmatamento e excesso de emissão de gases
“Toda a vez que a gente derruba uma árvore, que absorveu carbono durante anos e anos, esse material é liberado e é uma árvore a menos para absorver. Toda vez que a gente extrai carvão mineral, estamos liberando depósitos de carbono para a natureza. Quando usamos o petróleo como combustível, são estoques de carbono que a atmosfera vai receber”, afirma Laís.
Segundo as Nações Unidas no Brasil, as concentrações de gases de efeito estufa estão em seus níveis mais altos em 2 milhões de anos. A década de 2011 a 2020 foi a mais quente já registrada e a temperatura está cerca de 1,1°C mais quente do que no final do século XIX. E as emissões continuam aumentando, apesar dos alertas dos cientistas terem se intensificado.
Compromisso de todos
Além das fontes mais conhecidas, como o uso de combustíveis fósseis no transporte, a indústria, o agronegócio, atividades industriais, praticamente toda a atividade humana emite gases. Como parar a vida na terra na forma como conhecemos é praticamente impossível, uma série de medidas vem sendo tomada para conscientizar a população da importância de discutir o tema, estabelecer protocolos e metas de redução.
O compromisso deve ser de todos: instituições, empresas, governos, indivíduos, cada um com seu comprometimento. O Programa para o Meio Ambiente da ONU lista atividades cotidianas que contribuem para combater as mudanças climáticas e assumir uma nova postura de vida. As empresas estão se comprometendo cada vez mais e, no setor do saneamento, a Aegea tem uma série de ações práticas, como mostramos nesta edição do blog.
O que a COP28 representa para nós
Um dos eventos mais importantes, que reúne líderes mundiais, é a COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023. Tem como principal objetivo discutir meio para a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa (GEE) causadas por ação humana na atmosfera. A 28ª edição acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O Brasil tem destaque no evento e a comitiva brasileira deve ser a maior de toda a história. A Aegea também estará acompanhando tudo, com participação do presidente do Instituto Aegea, Édison Carlos, no Side-Event Transição no Sul Global: Construindo uma Economia Net Zero. Leia na matéria a seguir.