Oficina de cerâmica visa ampliar geração de renda entre quilombolas

Oficinas de cerâmica são oferecidas pelo Instituto Carlos Scliar e Prolagos

Com olhares curiosos e sorrisos largos, onze mulheres do Quilombo de Maria Joaquina chegaram na Casa Museu Carlos Scliar, localizada às margens do Canal do Itajuru, em Cabo Frio (RJ), para as aulas de cerâmica. Elas fazem parte de um projeto desenvolvido pelo Instituto Carlos Scliar, em parceria com a Prolagos, o “Somos Divas na Luz do Candeeiro”. 

Representatividade e independência 

Em sua terceira edição, o projeto tem como foco fomentar a representatividade e a independência das participantes. A ideia é estimular o potencial criativo e capacitar para a confecção de peças que possam ajudar as mulheres na complementação da renda familiar.

O encontro acontece semanalmente nos jardins do museu, onde elas aprendem a modelar a argila, a pintar, a queimar e a inserir ilustrações que tratam sobre a cultura afro-brasileira. Por trás de tudo  isso, o objetivo maior da Prolagos: a geração de renda por meio do empoderamento feminino.

Impulso para a força feminina e geração de renda

“No nosso quilombo, as mulheres são a maioria. Somos muito unidas, promovemos eventos e ações para impulsionar a força feminina. Por isso é tão importante a oportunidade que a Prolagos nos oferece, ainda mais com a argila, pois fomos criadas em casas de estuque. Quando chovia, fazíamos o reboco com o barro, nossas panelas também eram de argila. Aqui acessamos nossa memória”, diz Landina de Oliveira, presidente da Associação Quilombola de Maria Joaquina.

Para Cristina Ventura, coordenadora da Casa Scliar, o trabalho com a argila é muito simbólico. “É um material sem forma que necessita da água para que possamos modelar e, em seguida, do fogo para ser fortalecido. O mesmo acontece com cada uma das participantes durante o período em que nos encontramos – conforme vamos compartilhando nossas vivências e as histórias locais, também vamos nos transformando pois temos essa imersão cultural”, pontua Cristina.

Exercitando a Mentalidade Financeira

Discussões sobre a arte e o patrimônio histórico nacional fazem parte das atividades do projeto. “A cada edição trabalhamos peças diferentes, respeitando as particularidades das comunidades de origem. Nesta, estamos ensinando utilitários de cozinha e luminárias já ensinados em anos anteriores, além de bijuterias. Nossa intenção é fortalecer o universo feminino, dando habilidades que geralmente elas não dominam”, complementa a coordenadora da Casa Scliar. 

O projeto também oferece acesso ao curso Exercitando a Mentalidade Financeira, oferecido pela Academia Aegea, plataforma de educação corporativa da Aegea, empresa da qual a Prolagos faz parte. “Nosso foco é impulsionar a cultura quilombola e criar um movimento de empreendedorismo dentro da comunidade. Para isso, oferecemos um suporte completo para que elas consigam transformar a arte em oportunidade de negócio”, explica Simony Dias, coordenadora de Responsabilidade Social da Prolagos.

Mais sobre o projeto

“Somos Divas na Luz do Candeeiro” nasceu no início da pandemia, com o Quilombo de Baía Formosa, de Armação dos Búzios. A segunda edição aconteceu com as mulheres do Quilombo Caveira, de Botafogo, em São Pedro da Aldeia. A ação visa dar projeção à história e cultura quilombola e está alinhada ao programa de diversidade e igualdade racial da Aegea, o Respeito Dá o Tom, desenvolvido na Prolagos e outras unidades do grupo Aegea (que está fazendo cinco anos, veja matéria aqui no Aegea Blog). Ao final das oficinas, as participantes continuarão utilizando o espaço da Casa Scliar para confeccionar as peças.

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