Os dados da redução dos resíduos nas praias foram divulgados pelo programa Blue Keepers durante o 2º Seminário Regional de Prevenção e Combate ao Lixo nas Águas, promovido em 9 de outubro pela Prolagos (RJ), em parceria com o Pacto Global da ONU, e as prefeituras das cinco cidades atendidas pela concessionária.
Na oportunidade, representantes de cada município puderam apresentar as ações que estão realizando pela preservação dos recursos hídricos e debater soluções em conjunto visando a proteção ambiental das praias lagunares e oceânicas da região.
O grande ponto de destaque da reunião foi a divulgação dos dados atualizados do Blue Keepers, sobre os últimos dois anos de coletas nas praias destas cidades.
Resultados do avanço do saneamento e educação ambiental
O relatório apresentado por representantes do programa da ONU no Brasil trouxe números que refletem os avanços do saneamento e educação ambiental na região nos últimos anos. Na última coleta, foi detectada redução de 55% na quantidade de resíduos encontrados nas praias dos cinco municípios atendidos pela Prolagos.
“Significa que os esforços e as informações que vêm sendo divulgadas fizeram com que as prefeituras agissem em parceria com o poder privado e, assim, resultam em uma menor poluição nos ecossistemas aquáticos pesquisados. É uma grata surpresa”, afirmou a gerente de Água, Oceano e Resíduos do Pacto Global – Rede Brasil, Gabriela Otero.
Plástico é o resíduo mais encontrado
Segundo o relatório do Blue Keepers, o número de itens coletados reduziu de 10.230 da primeira amostra, divulgada há dois anos, para 4.516. O plástico segue sendo o item mais encontrado nas coletas: representou aproximadamente 75% do total de todos os materiais recolhidos, totalizando 3.416 unidades.
Segundo o relatório, a maior parte destes itens é de canudos, copos plásticos e tampas de garrafa, evidenciando que o lixo é resultado do próprio lazer nas praias e que o sistema de coleta em tempo seco, em que o esgoto das galerias pluviais é interceptado e enviado para tratamento, têm conseguido evitar que o lixo das redes de drenagem chegue aos corpos hídricos da região.
Outros materiais significativos apontados no relatório foram cigarros, filtros de bitucas, papel e papelão e metal.
Praias saneadas, menos resíduos nos oceanos
“O saneamento é o maior barrador do caminho do resíduo para o oceano. Onde tem um saneamento completo e adequado, você tem um escape mínimo. Ou se ele vai parar numa drenagem, essa drenagem é interceptada e esse resíduo tem uma destinação adequada depois”, completou Gabriela.
Os dados do Blue Keepers também foram destaque no 2º Congresso Internacional de Resíduos e Saneamento (CIRS Búzios 2025), que terminou em 10 de outubro.
O painel “A Década do Oceano e o Enfrentamento à Poluição Marinha” tratou sobre a gestão dos resíduos para a proteção da saúde dos corpos hídricos, destacando os avanços no saneamento na região como fator preponderante para os resultados positivos apresentados no relatório do programa do Pacto Global da ONU.
Outros desafios em debate
Durante toda a semana, especialistas debateram o saneamento no país, com casos reais de sucesso e ações por um futuro sustentável. Como o Painel “Desafios da Drenagem Urbana”, que também reforçou a importância de um sistema integrado e debateu soluções para acompanhar o desenvolvimento das cidades.
“Vimos diversos desafios práticos de gestão integrada das águas urbanas, que consideram não somente a drenagem urbana, mas também o esgotamento sanitário, e a interação que há entre esses dois sistemas, mesmo em cenários de sistemas separadores. Justamente por eles terem características similares, os dois com a superfície livre, há muita possibilidade de interação entre eles”, comentou o professor de Engenharia Civil e Ambiental da PUC-Rio, Antonio Krishnamurti.
“Nós tivemos a oportunidade de debater sobre as soluções de esgotamento sanitário que adotamos na Região dos Lagos e ouvir as experiências de outras concessionárias, especialistas, universidades, organismos multilaterais de financiamento e da sociedade civil. Além da riqueza deste intercâmbio, foi também um momento para mostrarmos o nosso trabalho e o impacto ambiental, social e econômico da atuação da Prolagos”, disse Sinval.