Rio Maracanã deixa de receber 11 piscinas de esgoto sem tratamento por ano

Rio Maracanã deixa de receber 11 piscinas de esgoto sem tratamento por ano
Texto: Bianca Carvalho

Na Floresta da Tijuca, no Alto da Boa Vista, nasce o Rio Maracanã, que percorre parte da zona norte da cidade do Rio de Janeiro até desaguar no Canal do Mangue e, posteriormente, na Baía de Guanabara. O que começa como um curso d’água cristalino se torna um rio escuro e sem vida, reflexo de décadas de despejo de esgoto in natura.

Para transformar essa realidade, a Águas do Rio vem combatendo ligações clandestinas nas redes de água de chuva e reparando tubulações de esgoto no seu entorno. Em um ano, 25 milhões de litros de esgoto — volume equivalente a 11 piscinas olímpicas — deixaram de cair em seu leito todos os meses. E esse é só o começo.

O projeto de despoluição da bacia do Mangue foi estruturado em etapas. A primeira, já concluída, envolveu o mapeamento do Rio Maracanã e seus afluentes, com uso de vídeo-inspeção com superzoom para identificar pontos de lançamento irregular de esgoto nas redes pluviais.

Com base nesse diagnóstico, a segunda etapa, atualmente em andamento, foca na recuperação das saídas das tubulações, além da fiscalização contínua e notificação dos usuários com conexões indevidas.

“Neste primeiro momento, o foco das ações de fiscalização na bacia do canal do Mangue são as contribuições no Rio Maracanã. Essa frente de trabalho faz parte do compromisso ambiental da companhia com a recuperação da Baía de Guanabara e caminha em conjunto com o principal projeto da operação, que é universalizar os serviços de esgotamento sanitário até 2033 — conforme determina o Marco Legal do Saneamento”, destaca Maria Alice Rangel, gerente de Serviços da Águas do Rio.

Próximos passos para recuperar o rio e a Baía de Guanabara

Todo o trabalho no Canal do Mangue, que também recebe as águas dos rios Papa-Couve, Trapicheiros, Joana e Rio Comprido, será fundamental na proteção da Baía de Guanabara. Para os próximos anos, a Águas do Rio está estruturando uma implantação de coletores em tempo seco que irá captar o maior volume de esgoto despejado na bacia, que é gerado pelas comunidades do entorno.

Por envolver estudos detalhados e obras de maior porte, essa etapa exige um planejamento mais extenso. A melhoria na qualidade da água do rio será gradual, acompanhando, principalmente, o avanço dessas intervenções.

Para acompanhar a evolução das ações realizadas, a concessionária mantém uma rotina de monitoramento da qualidade da água, realizando coletas quinzenais de amostras em cinco pontos do rio. Parâmetros como coliformes fecais, turbidez, pH e oxigênio dissolvido, entre outros, são analisados. Com esses dados, futuramente, a inspeção conseguirá mensurar os avanços obtidos e direcionar de forma ainda mais precisa as próximas etapas das intervenções para a recuperação do rio.