Falta de saneamento agrava incidência de dengue

Falta de saneamento agrava incidência de dengue

A relação entre aumento de incidência de dengue e falta de saneamento aparece em vários estudos, principalmente os que focam nas doenças de veiculação hídrica, como os feitos pelo Instituto Trata Brasil a partir de dados do DataSUS, o banco de dados do Sistema Único de Saúde, e do SNIS, o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento.

Em 2022, o número de mortes em decorrência da doença aumentou no Brasil. Um relatório do Ministério da Saúde mostra que 1.016 pessoas morreram por causa da dengue e outros 109 casos estão sendo analisados. Além disso, foram mais de 1,4 milhão de casos prováveis, o que representa um aumento de 162,5% na comparação ao ano anterior.

Maior incidência de dengue do século

Para a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, a Abes, seção São Paulo, os dados são alarmantes porque o número é o maior do século, ficando atrás apenas de 1980, quando a doença se tornou uma epidemia no Brasil pela primeira vez.

“O saneamento tem apresentado avanços significativos em suas quatro áreas – água, esgoto, drenagem e resíduos -, que evitam a ocorrência de águas paradas, melhorando a qualidade sanitária para a população. Saneamento é saúde pública preventiva”, ressalta o presidente da Abes-SP, Luiz Pladevall.

Investimentos reduzem casos de dengue em 66% em Teresina

Um  bom exemplo de como os investimentos em saneamento reduzem doenças vem de Teresina. Na capital do Piauí, onde atua a Águas de Teresina desde 2017, as internações hospitalares decorrentes de doenças hídricas diminuíram em 130% entre os anos de 2017 e 2021.

Já os casos de dengue foram reduzidos em 66% e as hospitalizações diminuíram cerca de 20%, no mesmo período. Em relação à chikungunya, os dados são ainda mais surpreendentes, pois somente em 2021 a incidência caiu de 2.608 para 75 casos.

Período de chuvas é propício à proliferação

O mosquito se prolifera ao depositar seus ovos em locais com água parada, como pneus, garrafas, vasos de plantas, bebedouros e caixas d’água. Ele não se reproduz apenas em água limpa, pois se adaptou ao ambiente urbano, à poluição da água e a recipientes artificiais. 

Além disso, com o período de chuvas, são mais focos de água parada em quintais e terrenos baldios. Apenas em Rondônia, segundo a Agência Estadual de Vigilância em Saúde, a Agevisa, foram 1.654 casos de dengue em 2021 contra 12.432 no ano passado, ou seja, um aumento de 652%.

O papel relevante do saneamento

“O saneamento tem papel relevante para a redução de casos de dengue. Deficiências como a falta d’água ou abastecimento intermitente, com a população armazenando água de forma improvisada, e a falta de coleta de resíduos e entulhos na rua, são potenciais reservatórios para o mosquito. A responsabilidade é de todos e a população deve ficar atenta aos cuidados básicos e preventivos de saúde”, frisa Roseane Garcia, coordenadora da Câmara Técnica de Saúde Ambiental da Abes-SP. 

Os sintomas para ficar em alerta

Os sintomas de dengue são: febre alta, dores musculares, nos olhos e de cabeça, além de manchas vermelhas, falta de apetite e náusea. Se houver dores abdominais intensas, vômito, acúmulo de líquidos, sangramento e hemorragias procure com urgência atendimento médico.