Restauração de paisagens degradadas avançam por meio de parcerias

Restauração de paisagens degradadas avançam por meio de parcerias
Texto: Rosiney Bigattão

As árvores são como filtros que protegem o meio ambiente. Nas matas ciliares, ajudam na infiltração da água no solo, a combater o assoreamento e contribuem também para conter as enchentes. Têm uma importância muito grande na diminuição do impacto do efeito estufa

No meio ambiente, está tudo conectado. A maior cobertura vegetal aumenta a produção de água: as copas das árvores contribuem com a evaporação e as raízes com a infiltração em um nível mais profundo, garantindo que os aquíferos sejam nutridos. Aumentar a área verde com espécies nativas passou a ser fundamental, principalmente para as empresas de saneamento, pois o desequilíbrio ambiental tem um grande impacto sobre a oferta de água para o abastecimento da população.

Restaurar paisagens para maior resiliência hídrica

“Aumentar a produção de água é um dos motivos para a Aegea ter as parcerias de projetos de resiliência hídrica. A busca é melhorar a qualidade da paisagem, visando garantir mais água de superfície e de subsolo. Os aquíferos precisam da recarga feita por meio da água de chuva e as árvores são fundamentais nesse processo”, afirma a coordenadora de Qualidade Ambiental da Aegea, Maira Sugawara. 

No final de maio, a coordenadora acompanhou o trabalho que está sendo feito em Jauru (MT), com o projeto dedicado à paisagem das Cabeceiras do Pantanal, parceria firmada com a WWF-Brasil que foi prorrogada por mais dois anos em 2024. 

No município, está uma das 16 sub-bacias hidrográficas importantes para o abastecimento de água na maior planície alagável do mundo – o Pantanal. Dentro deste contexto, 50 hectares serão restaurados com vegetação nativa, sendo 10 hectares na primeira etapa, este ano.

Estruturação da cadeia de restauração

“O projeto vai muito além de plantar árvores, tem uma visão de longo prazo e traz uma abordagem integrada para essas áreas. Está prevista a estruturação da cadeia de restauro e todo o planejamento, desde a obtenção de sementes, produção de mudas e o plantio. Queremos que a região participe do processo para que ele gere prosperidade compartilhada”, diz.  

Na primeira fase do projeto foram realizadas análises hídricas, mapeamento de atores e modelagem para definição de áreas prioritárias. Agora, estão sendo implementadas ações de restauração e conservação do solo nas áreas definidas. 

O projeto leva em consideração a geografia do lugar, as condições de desmatamento e assoreamento. Também considera necessidades como quais as técnicas ideais de plantio e as espécies mais adequadas para o território.“A ideia é chamar outras empresas para somar forças, por isso a Aegea participa da coalizão para a resiliência hídrica junto ao Pacto Global da ONU no Brasil, que é um grande hub de empresas que tem esse comprometimento, essa visão de sustentabilidade. Junto ao WWF-Brasil, a estratégia e objetivos para a restauração foram apresentados para disseminar e engajar as empresas que precisam recuperar áreas, possam escolher as prioritárias que foram mapeadas”, diz.

Floresta Viva vai preservar bacias estratégicas para o abastecimento

Outra parceria é o Floresta Viva, junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que prevê a recuperação de 90 hectares de áreas degradadas na região do Pantanal e de 140 hectares no Rio de Janeiro. 

O foco também é a preservação de bacias estratégicas para o abastecimento da população. Por meio da parceria, serão restaurados mais de 200 hectares em importantes regiões onde a Aegea está presente no Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Em Mato Grosso do Sul, quem vai executar o projeto no Pantanal é o Instituto Homem Pantaneiro. No Rio de Janeiro, no Sistema Lagunar de Maricá-Guarapina e da Área de Proteção Ambiental do Rio Surui, será lançado um edital por meio do FunBio – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, gestor dos recursos do Floresta Viva.A parceria tem o formato de matchfunding, ou seja, para cada R$ 1 do setor privado, o banco coloca outro R$ 1. A previsão é que o aporte de R$ 5 milhões da Aegea totalize um investimento de R$ 10 milhões para programas de reflorestamento.