Aldeia mantém costumes e agora usa água tratada em rituais indígenas

rituais indígenas
Texto: Adan Garantizado

O povo tupinambá tem a guerra como um fator de organização social. Por isso, ao longo de sua história, a etnia protagonizou diversas batalhas contra os colonizadores portugueses.

As técnicas, rituais e os artefatos desenvolvidos pelos tupinambás sempre chamavam a atenção nos combates. No entanto, essa “vocação para a guerra” quase causou a extinção da etnia.

Luta pela sobrevivência dos costumes

No coração da zona leste de Manaus (AM), em pleno centro urbano, uma comunidade tupinambá que existe há 20 anos também trava algumas guerras diárias pela sobrevivência e preservação dos costumes da etnia.

Localizada no Bairro Jorge Teixeira, a Aldeia São João Batista reúne atualmente 45 famílias, entre tupinambás e tukanos. A área verde nas proximidades ganhou adaptações ao longo das duas décadas de existência.

Agora ela é procurada principalmente por pessoas enfermas, que buscam nos rituais de cura dos tupinambás, uma solução espiritual para suas doenças.

Há uma maloca dentro da comunidade, exclusiva para os rituais, onde a entrada é restrita. O pajé Marcos Tupinambá, também o cacique da aldeia, conduz os atendimentos espirituais.

Escola mantida com recursos próprios

Os indígenas fazem artesanatos e pinturas que ajudam na manutenção do espaço. A escola da aldeia ensina rituais, cantos xamânicos, pinturas, religião e a língua nheengatu para as crianças – tudo mantido por eles..

Desde o início da comunidade, os tupinambás da Aldeia São João Batista travavam uma batalha diária para ter acesso a um direito essencial de todo cidadão: o de ter água potável em suas torneiras.

Ao longo dos anos, se revezaram entre uma cacimba dentro da aldeia e um sistema com tubulações improvisadas, que “puxava” água de ruas próximas para dentro da comunidade, em condições bem longe das ideais. 

Água tratada para os rituais

Em outubro de 2021, equipes da concessionária Águas de Manaus conheceram o local e realizaram um trabalho que transformou definitivamente a vida dos moradores da aldeia urbana.

Foram implantados quase 200 metros de tubulações regulares de água, hidrômetros, cavaletes e toda estrutura necessária para abastecer a comunidade 24 horas por dia com água tratada de qualidade.

Kuekatu reté: muito obrigado

“Antes, usávamos uma estrutura precária para conseguir garantir o mínimo de água. Comprávamos hipoclorito pra colocar na cacimba para melhorar um pouco, mas era longe do ideal. Tudo isso mudou após o trabalho da empresa aqui. Hoje, temos água na comunidade o dia inteiro. E ela é realmente limpa e livre de qualquer tipo de doença. Só posso dizer kuekatu reté, que significa ‘muito obrigado’ em nossa língua”, disse o pajé Marcos Tupinambá.

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