Como manter os serviços de saneamento durante eventos extremos? Aegea leva sua experiência para congresso da Fenasan

Como manter os serviços de saneamento durante eventos extremos? Aegea leva sua experiência para congresso da Fenasan
Texto: Rosiney Bigattão com colaboração de Caike Taccelli

Os auditórios lotados para refletir sobre o impacto das mudanças climáticas no 35º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, também chamado de Encontro Técnico AESabesp, mostram o quanto o tema é importante para o setor.

Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea, foi um dos palestrantes da mesa redonda “Resiliência operacional, adaptação às mudanças climáticas e efeitos das catástrofes naturais nos sistemas de saneamento”, no dia 24 de outubro.

Eventos climáticos extremos: quais seus reais impactos?

Pesquisa divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional aponta que entre 2011 a 2023 foram gastos R$ 485 bilhões com desastres ambientais.

Relatório da ANA, a Agência Nacional de Água e Saneamento, informa que a disponibilidade de água pode ser reduzida em 40% até 2040.

Com níveis de emissões atuais, ONU prevê aquecimento global de 3°C – o dobro do que foi estabelecido pelo Acordo de Paris, em 2015.

O presidente do Instituto Aegea mostrou que as mudanças no clima e o aumento da temperatura média em todo o planeta vem provocando efeitos diversos, como ondas de calor, enchentes, secas históricas, queimadas e nevascas.

Mitigação dos efeitos: indo além da prestação de serviços

Depois de apresentar o contexto global das mudanças climáticas, Édison Carlos apresentou que vem sendo feito pela Aegea, uma vez que a empresa atua em todos os biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa.

Mostrou o cenário no país e como os eventos extremos vêm impactando a biodiversidade e o regime de chuvas, fundamental para recarregar os sistemas hídricos. Um tema essencial para uma empresa que entrega água tratada, coleta e trata esgoto para mais de 31 milhões de brasileiros.

Para dar realidade aos dados, mostrou dois casos que mostram a importância de a empresa ter procedimentos para mitigar alguns dos efeitos das secas e enchentes extremas, com os eventos extremos de Manaus (AM) e do Rio Grande do Sul.

“Diante de condições climáticas adversas e o que passamos, a Aegea rapidamente adotou medidas para proteger as pessoas e suas operações. Agora vem aplicando medidas proativas para estar ainda mais preparada para assegurar a resiliência das operações”, disse Édison Carlos.

Medidas emergenciais no Rio Grande do Sul

Com as enchentes no Rio Grande do Sul, em maio de 2024, 236 municípios atendidos pela Corsan, unidade da Aegea no estado, foram atingidos. Entre eles, 67 tiveram os sistemas paralisados e com 906 mil imóveis sem água.

Para a retomada dos sistemas, a Corsan rapidamente mobilizou 140 caminhões-pipa, implantou 85 reservatórios provisórios, reparou e reconstruiu 12 km de adutoras, perfurou 30 poços nas regiões mais afetadas e disponibilizou cinco estações móveis de tratamento de água.

Uma equipe com cinco mergulhadores esteve disponível para fazer a desobstrução das redes de captações de água. A Corsan fez o transporte de suprimentos e profissionais em áreas afetadas, inclusive de outras empresas e setores, disponibilizando três helicópteros, um avião, dois veículos anfíbios, além de embarcações e tratores.

“O transporte dos equipamentos para bombeamento da água e motores foram feitos por helicópteros tão potentes que foi preciso traçar uma rota especial para que as casas não fossem destelhadas. “Diante de condições climáticas adversas e o que passamos, a Aegea rapidamente adotou medidas para proteger as pessoas e suas operações. Agora vem aplicando medidas proativas para estar ainda mais preparada para assegurar a resiliência das operações”, disse Édison Carlos.

Garantindo água tratada na estiagem no Rio Negro

No Estado do Amazonas, a seca no Rio Negro nos anos de 2023 e 2024 fez com que a água praticamente desaparecesse em alguns pontos. A vazante teve níveis piores do que a histórica de outubro de 2010.

Em 2023, já havia sido registrada a maior seca do rio em 121 anos e em setembro quase 90% dos municípios do Amazonas estavam em alerta ou em estado de emergência devido à estiagem. Este ano, a estiagem atingiu 800 mil pessoas em 62% dos municípios do estado.

Já na capital, a Águas de Manaus colocou em prática um plano de ação para manter o abastecimento da população. Seis balsas foram preparadas, com capacidade de flutuação de 300 toneladas, onde motores e bombas flutuantes podem continuar a captação de água, independentemente do nível do rio. Em 2023, mesmo com a estiagem, não houve paralização do abastecimento em Manaus.

Apoio a famílias fora da área de operação

Mais de 100 profissionais atuaram diretamente na operação. Além dos moradores atendidos pela concessionária, o apoio no abastecimento de água  foi estendido a 4,6 mil famílias de comunidades ribeirinhas localizadas fora da área de atuação.

Atuação em todos os biomas brasileiros

“Poucas empresas no país têm essa capilaridade que a Aegea tem no território brasileiro. Isso faz com que todos os dias tenhamos algum caso ligado às mudanças climáticas afetando nossas cidades.  É importante, portanto, dividir com outras empresas e tomadores de decisão nossas boas práticas aprendidas. E, claro, trocarmos experiências com quem já passou por isso em outras circunstâncias”, afirma o presidente do Instituto Aegea.

Mais sobre as mudanças climáticas no Encontro Técnico AESabesp

O 35º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, também chamado de Encontro Técnico AESabesp, foi realizado durante a Fenasan, em São Paulo, de 22 a 24 de outubro.

Da mesa redonda “Resiliência operacional, adaptação às mudanças climáticas e efeitos das catástrofes naturais nos sistemas de saneamento”, participaram também Rui César Bueno, da Sabesp, que apresentou o caso do litoral Norte de São Paulo; Marco Antônio dos Santos, da Sanasa, sobre Campinas (SP) e Alceu Bittencourt, da Cobrape, como moderador.

Outra reflexão, no mesmo dia e horário, também abordou as mudanças climáticas no saneamento. A mesa redonda: “Responsabilidade Social corporativa: impactos das mudanças climáticas em comunidades vulneráveis”, que contou com a participação de Luana Pretto, do Instituto Trata Brasil, além de representantes de empresas do setor.