Dia Mundial do Meio Ambiente: é preciso aprender a trabalhar em colaboração ou todos vamos sofrer

Dia Mundial do Meio Ambiente: é preciso aprender a trabalhar em colaboração ou todos vamos sofrer
Texto: Rosiney Bigattão

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, marcado por eventos extremos, como as estiagens no Norte e as enchentes no Rio Grande do Sul, na Alemanha e mesmo nos Emirados Árabes, os olhares se voltam para a busca urgente de soluções. Os desafios ambientais são planetários, estão interligados e, como tal, exigem urgência e esforços colaborativos.

Água é a parte simbólica das mudanças climáticas

“Quando se fala em desafios ambientais causados pelas mudanças climáticas, a parte mais simbólica e visível é a água, seja a falta ou o excesso dela, mas os fenômenos representam várias coisas: a mudança no ciclo das chuvas, o acúmulo de gases de efeito estufa com o aumento de temperatura, a perda de capacidade do planeta de trocar calor com o espaço e, ao ficar na atmosfera, provocar chuvas extremas, até a alteração de doenças agravadas pelos impactos ambientais”, afirma Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea e diretor de Sustentabilidade da empresa.

Regime de chuvas imprevisível

O desbalanceamento no regime de chuvas é uma das principais características dos eventos extremos, processo fruto de um modelo de industrialização acelerado, intensivo em combustível fóssil e com pouca capacidade da sociedade de fazer frente às transformações no planeta.

”Se as mudanças se aceleram, você tem essa alternância de regimes de pouca e muita chuva. Chama a atenção as grandes descargas em muito pouco tempo e em locais onde isso nunca tinha acontecido nessas proporções, como foi registrado em São Sebastião (SP), na Bahia, na região serrana do Rio de Janeiro e agora no Rio Grande do Sul”, diz.

As grandes precipitações em períodos muito curtos de tempo acabam encontrando sistemas de drenagem que não conseguem absorver todo o volume de água.

“Nas cidades, a água que não consegue ser absorvida, extravasa das calhas e inundam áreas onde bairros foram construídos. São áreas que a natureza havia criado para a expansão natural dos rios em momentos de muita chuva, então é a natureza pegando de volta seu espaço”, afirma Édison.

Tudo está conectado

As mudanças climáticas são fenômenos planetários. “Quem iria imaginar que o deserto iria alagar, como aconteceu em Dubai, ou o Rio Negro, que parece um oceano, baixaria tanto em poucos meses. São fatos fora de qualquer racionalidade, mas, infelizmente, tendem a acontecer mais”, aponta.

“Com o aumento da temperatura, temos uma quantidade muito maior de água nas nuvens e muitas vezes ela acaba caindo em um lugar só. Como vimos, as chuvas no RS, por exemplo, foram uma somatória de fenômenos – massa de ar quente no Sudeste, frente fria estacionada sobre o Estado e grandes nuvens vindas da Amazônia. Dificilmente, vimos tantas condições se somando assim, claro efeito desse novo momento do clima no planeta”, diz.

Uso de energia limpa

Segundo ele, lidar com esses eventos exigirá cada vez mais trabalharmos em colaboração entre todos os agentes da sociedade: governos, empresas, ONGs, imprensa e indivíduos, precisa ser uma mobilização global, pois estamos enfrentando os resultados de um passado de degradação.

Édison Carlos lembra que a Aegea já tem 98% de energia vinda de fontes renováveis, uma contribuição importante da empresa para a redução da emissão de gases.

“Vale lembrar que muitos países importantes ainda possuem sua matriz energética à base de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, portanto, precisamos sair do discurso e partir para a prática. O planeta que temos é esse – ou aprendemos a trabalhar em colaboração ou sofreremos todos”, aponta Édison.

Forte relação do saneamento com o meio ambiente

O saneamento, assim como outros setores da economia, pode contribuir enormemente nesta questão. Vários estudos comprovaram a forte relação entre o setor e o meio ambiente, especialmente na preservação da quantidade e qualidade da água do planeta. Outra relação cada vez mais estudada é a importância da preservação dos oceanos.

“Eu chamei a atenção em Barcelona, na Conferência da Década do Oceano 2024 (Un Ocean Decade Conference, 10 a 12 de abril de 2024), que são quase dois milhões de pessoas no mundo que ainda não têm acesso ao saneamento. Isso tem um forte impacto no oceano, pois ele é responsável por uma grande parte do oxigênio do planeta e tem uma influência enorme no regime de chuvas”, afirma.

Papel dos oceanos nas mudanças climáticas

A imprevisibilidade atual sobre o clima e o regime de chuvas fez com que o oceano passasse a ser uma pauta muito relevante para o planeta. Apesar de estarmos na Década dos Oceanos (Unesco), poucas empresas ainda se identificam com essa pauta.

“No evento em Barcelona, por exemplo, a Aegea era uma das poucas empresas brasileiras e de saneamento participando do evento”, pontua.

“Proteger os oceanos tem tudo a ver com mudanças climáticas, pois são eles os grandes reguladores da temperatura do planeta. Qualquer alteração traz mais desbalanceamento do regime de chuvas e desafios ainda maiores para os serviços de água e esgoto, que têm que garantir água às pessoas no longo prazo”, diz.

Um levantamento feito em parceria com a Unesco e outras instituições mostra que 40% dos brasileiros não entendem como suas vidas têm impacto nos oceanos.

“A maior parte dos rios correm para os oceanos e se não tratarmos o esgoto, não fizermos a gestão correta dos resíduos urbanos, tudo pode parar lá, , então, nossa vida tem uma ligação muito próxima com os oceanos e as pessoas e empresas não percebem. Uma das conclusões do evento foi a necessidade de atrair mais empresas do setor privado para os debates ligados aos oceanos, esse ecossistema tão fundamental para o planeta”, diz.

Fenômenos vieram para ficar e exigem resiliência

“Aquela ideia que se tinha há um tempo de segurar o aumento de temperatura para evitar os eventos extremos já passou, agora é como adaptar as cidades para esse novo momento. Como adequar a mobilidade urbana, o fornecimento dos serviços de água, esgoto, gestão de resíduos, drenagem e energia elétrica, por exemplo, aos fenômenos que estão aí”, afirma.

Segundo o diretor de Sustentabilidade e presidente do Instituto Aegea, são fenômenos que vieram para ficar, não são transitórios mais. “Eles se alternam. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul passou por um período de seca severa há poucos anos. A questão naquela época era onde encontrar água, então a área de engenharia hídrica será cada vez mais desafiada”, conta.

Parcerias com a Climatempo, monitoramento por satélite, tudo isso será cada vez mais importante para conseguirmos nos preparar. A grande dúvida hoje não é mais saber se vai chover ou não, mas sim qual será a intensidade da chuva ou da seca, é uma parte da ciência que ainda não está muito desenvolvida, os sistemas de mapeamento ainda não conseguem prever.

Crises: oportunidades para fazer diferente

Segundo ele, o momento reforça também a necessidade de colaboração maior entre público e privado, entre empresas e instituições nacionais e internacionais.

“São investimentos muito altos, pois a velocidade para degradar o meio ambiente é muito rápida, mas para recuperar, vai muito tempo e dinheiro. Tem locais do Brasil que para reflorestar um hectare de floresta está custando 30 mil reais e um hectare não é nada, para desmatar são algumas horas, para recuperar, são muitos anos”, afirma.

“Como empresa líder do setor privado de saneamento, seremos cada vez mais chamados a participar desses grandes esforços: usar energia limpa, ter projetos de mitigação de carbono, de reúso da água, de gerenciamento de resíduos e da economia circular, fazer parcerias para recuperação de áreas degradadas e plantios, tudo isso passará a ser ainda mais relevante”, diz.

Veja a seguir um pouco mais do trabalho que  vem sendo desenvolvido pela Aegea.