Considerado um dos grandes centros de conhecimento do mundo, o FGV in Company reuniu Radamés Casseb, CEO da Aegea, e Gesner de Oliveira, coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV.
O Webinar Liderança e Gestão no Setor de Saneamento teve mediação de Antonio Maciel, presidente da Academia CEO, plataforma de conteúdo para a formação de líderes, parceira do evento online realizado em 9 de dezembro, que está disponível no Youtube.
Saneamento: a grande cruzada sanitária do Brasil
Para Radamés Casseb, o saneamento é uma cruzada sanitária e o grande desafio é prover uma estrutura onde o capital possa fazer a transformação, levando saúde e dignidade para o povo brasileiro. O país ainda tem 100 milhões de pessoas sem acesso ao esgoto e quase 40 milhões sem água tratada. É uma lacuna que precisa ser sanada, segundo ele.
Inovação no saneamento para gerar prosperidades
Um dos caminhos é o da inovação. Para Radamés Casseb, alguns processos do saneamento ainda são romanos. “Nós ainda falamos de gravidade, de decantação, estamos alocados ainda no processo biológico no tratamento de esgoto. A cadeia do processo do saneamento demanda, nesse momento, um novo olhar, mais amplo em todas as dimensões”, diz.
Dessa forma, o CEO da Aegea conta que a empresa está evoluindo na busca de melhores serviços para os clientes finais e tem hoje uma plataforma praticamente instalada para isso. “Temos gêmeos digitais que simulam a distribuição de água, usamos inteligência artificial nos processos químicos, buscamos eficiência para minimizar o uso de energia e perdas”, conta.
O que vem pela frente?
Simulação dos processos para uma atuação preventiva, responde o CEO, para que o consumidor não sinta nenhuma oscilação nos serviços e que todo o processo seja cada vez mais sustentável. Tudo com muita transparência para o sistema financeiro, garantindo segurança para o investidor. “Depois da engenharia medieval, vem aí uma etapa preditiva”, afirma.
Sendo assim, a evolução da Aegea, fazendo com que ela vencesse o leilão da Cedan, o maior projeto de saneamento do país e um dos maiores de infraestrutura da América Latina, se deu por um modelo de atuação bem definido. E é por meio dele que a Aegea já está dando conta de atender a Águas do Rio, sem perder a essência da empresa.
Modelo de Operação Aegea
“Chamamos de Modelo de Operação Aegea, MOA. Ele pressupõe um arcabouço de suporte para os negócios de modo a garantir que a cultura da companhia seja aplicada, que os aprendizados locais sejam incorporados e possam capacitar cada vez mais os profissionais do ponto de vista do negócio”, explica Radamés.
Então, o MOA é como uma torre de orientação, com todo o conhecimento acumulado à disposição dos times que atuam nos projetos. Vencer no Rio de Janeiro significa replicar esse modelo com um time completamente gabaritado. “A estrutura local tem autonomia, mas estamos garantindo a mesma qualidade no atendimento e vamos ter mais aprendizado”, diz.
Que tipo de líder a Aegea precisa
Antes de tudo, a empresa é uma prestadora de serviços, então a liderança, em primeiro lugar, precisa gostar de gente, diz ele. Ter empatia é fundamental para que o nível de prestação de serviços seja mantido ao longo da jornada tão grande quanto os contratos de concessão. Depois, é inspiracional: aderir à causa que movimenta a vida, que leva saúde, gera bem-estar que inclui dignidade.
A outra é ter fundamentos claros de gestão física e financeira, respeitar os aspectos de sustentabilidade, de garantia para a geração de resultados dos projetos. E, por último, ter curiosidade. querer aprender, estar disponível para incluir novas tecnologias, tendências na regulação. É uma evolução contínua, afirma o CEO Radamés Casseb.
Sobre as três letrinhas da moda: ESG
Em primeiro lugar, todas as ações de uma empresa precisam ter, na base da governança, a busca incansável pela integridade, pontua Radamés Casseb. “Um dos marcadores é que acabamos de renovar a ISO 37001, ou seja, estamos evoluindo. Isso vai dar mais consistência nos relacionamentos com a sociedade, fazendo com que esse ecossistema seja mais duradouro”, diz.
“Ao mesmo tempo, temos vários exemplos da sustentabilidade que a empresa persegue. Um deles é a recuperação da Lagoa de Araruama, onde todo o entorno se beneficia, inclusive economicamente, com os investimentos feitos em saneamento”, afirma. Também menciona a escolha da destinação do lodo na produção de insumos como práticas da Aegea.
Mas, para ele, é no social que a diferença acontece, na inclusão de comunidades vulneráveis, com remédios tarifários como a Tarifa Social. “É um dos nossos deveres de gestores, onde quer que a gente esteja, seja em empresa pública ou privada. Se o previsto é ter 3% do atendimento na Tarifa Social, a Aegea quer ampliar para o dobro em 10 anos”, conta.
Como é possível avançar em saneamento no Brasil?
Para o CEO Radamés Casseb, o mundo inteiro olha para o Brasil com desejos de investimentos, procurando regras regulatórias claras e o amadurecimento está acontecendo. Hoje os grandes projetos de infraestrutura em saneamento no Brasil foram geridos pela liderança do BNDES.
“Precisamos de mais modeladores. Ter um excelente modelador não é suficiente para garantir toda a necessidade de atendimento. Se você tem demanda, se tem capital, tem interesse de investimento, precisa ter estruturação de ambiente adequado para que essa cadeia crie um vértice virtuoso”, aponta.
Webinar: uma aula com lições práticas
No final do webinar, Gesner de Oliveira e Antonio Maciel agradeceram pela aula. “Eu me sinto privilegiado, sou um admirador do Radamés como líder em uma das principais empresas de infraestrutura, sou seu admirador Maciel, e espero que a gente volte a conversar, pois 60 minutos é pouco”, disse Gesner de Oliveira, coordenador do Centro de Estudos de Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV.
“Foi uma aula, o que nós buscamos com o webinar nós atingimos: lições práticas de quem conhece profundamente o assunto e tem uma capacidade de demonstrar quais são os caminhos, o que precisa ser feito em termos de liderança e gestão para superar esse desafio tão interessante e uma oportunidade tão grande como a que a gente tem no Brasil”, disse Antonio Maciel, presidente da Academia CEO.
“Quero deixar um convite para quem cuidar dos mananciais, fazer a diferença na vida das pessoas, que a Aegea tem esse propósito e isso precisa de mais profissionais dispostos a entrar nessa jornada sanitária para gerar mais empregos, movimentar a economia e gerar transformação”, finalizou o CEO da Aegea, Radamés Casseb. Quer saber mais?
O webinar está disponível no Youtube.