O cuidado que transforma vidas

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Texto: Rosiney Bigattão

“Foi uma coisa inacreditável a recomposição da Lagoa de Araruama (RJ). Confesso que teve um momento em que eu perdi a esperança, achava que a poluição só ia piorar. Por isso, hoje, quando eu falo da lagoa, fico até emocionado. Sabia que estavam cuidando, foram colocando as estações de tratamento de esgoto, mas, sei lá, não achava que eu ia viver pra ver a melhoria. A mudança está sendo muito grande – nunca vi tanto peixe como agora! É pirambeba, corvina, espécies que nem tinha antes. Ter esta fartura e água de qualidade depois da lagoa ter passado tanto sofrimento? Renova a esperança que a gente tem no mundo!” – Cícero Vanderley Neto, presidente de uma das colônias de pesca da Região dos Lagos (RJ).

O depoimento resume em parte o “trabalho de formiguinha” feito pela Prolagos (RJ) e resultou na recuperação da Lagoa de Araruama (RJ). É possível falar em renascimento, pois a lagoa estava praticamente morta no início dos anos 2000. “Não tinha mais pescado, não era possível usar para o esporte e o lazer, nem mesmo chegar perto”, afirma Pedro Freitas, o novo diretor-presidente da Prolagos.

Mineiro, ele passava as férias na Região dos Lagos (RJ) e conta que era preciso fechar o vidro do carro ao passar pela lagoa que dá nome à região – na verdade, não é uma lagoa, nem são lagos, mas uma laguna hipersalina, a maior do mundo. Hoje, Pedro Freitas se orgulha do que vê no caminho do trabalho. “Olhando para a lagoa hoje, fica muito visível o poder transformador que os investimentos em saneamento têm”, diz ele.

O colapso

Para entender o processo transformador, é preciso voltar a 1998, época da assinatura do contrato com a Prolagos. A região tinha 30% de rede de água e zero de esgoto. Seguindo a meta contratual, a concessionária ampliou rapidamente o acesso à água tratada. Com isso, aumentou muito a geração de esgoto que acabava na lagoa, sem nenhum tratamento.

“Quando eu cheguei a água era cristalina, depois foi piorando, muita construção, cinco cidades em volta dela, cada vez vindo mais gente. A lagoa foi sofrendo degradação, os peixes sumiram e ela foi considerada morta”, conta o nordestino Cícero Vanderley Neto, que chegou à Região dos Lagos em 1990 e hoje é presidente da Colônia Z29, de Iguaba Grande (RJ).

A transformação: investimentos antecipados

Com o colapso da lagoa, houve uma ampla discussão na sociedade. A concessionária envolveu as prefeituras, governo do estado, agente regulador, ministério público, entidades ambientais e a população. “A decisão foi a de antecipar os investimentos em esgoto. A meta contratual, de 80% de coleta e tratamento, foi atingida. A lagoa está viva novamente”, afirma Pedro Freitas.

Missão cumprida? “Ainda não”, responde o diretor-presidente da Prolagos. “Temos investimentos relevantes a fazer que podem melhorar ainda mais a qualidade da água da lagoa. Mas dá pra falar do orgulho que temos por chegar aonde chegamos. Foi um dos motivos que me fizeram aceitar o convite para ser o diretor-presidente e que nos incentivam a seguir para fazer mais”, diz. Para ele, a Lagoa de Araruama serve de inspiração para o próximo passo da Aegea. “Dá para olhar para a Baía de Guanabara e dizer: é possível!”, pontua. A recuperação da baía é um dos desafios da Aegea ao assumir a nova concessão no Rio de Janeiro (RJ).

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