Saneamento muda vidas na Amazônia

Saneamento muda vidas

Especialistas analisaram o resultado da pesquisa que mostra que o saneamento muda vidas. Discutiram também perspectivas para avançar com os serviços no seminário “A transformação na vida das pessoas por meio do saneamento”. O evento contou com a presença do Instituto Trata Brasil e convidados, entre eles, o professor da USP, Jacques Marcovitch. Ele propôs reflexões sobre o estudo realizado em áreas socialmente vulneráveis da capital amazônica, apresentado em 21 de setembro, na sede da concessionária da Aegea em Manaus (AM) e transmitido ao vivo.

Nas margens dos igarapés, as residências nas áreas alagadiças são conhecidas por palafitas. Quando se tem muro de arrimo com concreto ensacado, eles são os rip-raps e, em ruas muito estreitas, os becos. São nessas áreas de vulnerabilidade que parte da população de menor poder aquisitivo vive. Nem sempre são assistidas pelo poder público e trazem grandes desafios para a mudança de realidade.

Estudo do Trata Brasil

O seminário foi o desdobramento dos dados obtidos junto ao estudo do Trata Brasil que avaliou os benefícios do saneamento básico em três comunidades (veja o estudo completo na seção de pesquisa do Aegea Blog). A pesquisa, realizada entre os meses de junho e julho deste ano, revela a percepção dos moradores de áreas vulneráveis nos bairros Compensa, Redenção e Cachoeirinha, quanto a qualidade de vida e condições de saúde, antes e depois da chegada do abastecimento de água tratada.

Para 97% dos moradores entrevistados a chegada da água tratada trouxe mais saúde e dignidade. Tanto que, 93% deles estão satisfeitos com o serviço ofertado. Quanto à confiança na qualidade da água entregue às moradias, o número subiu para 81%, antes era de 45%. E o número de ligações clandestinas, que era a forma que se abasteciam, caiu para zero.

“Para a grande maioria dos moradores entrevistada nas comunidades vulneráveis da cidade, o acesso à água tratada aumenta a dignidade”, disse o presidente-executivo do Trata Brasil Édison Carlos, que participou presencialmente do evento. “É um dos melhores resultados que já vimos, as pessoas se sentem reconhecidas e valorizadas com a chegada dos serviços”, disse ele.

Pesquisadores comunitários

Após a apresentação dos dados da pesquisa que mostrou como o saneamento muda vidas, o presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, enfatizou a importância da metodologia utilizada. Os pesquisadores eram da própria localidade e eles receberam treinamento específico para coletar os dados em suas áreas de moradia.

“Nossa pesquisa foi feita em parceria com lideranças comunitárias da cidade, pessoas que moram aqui e são daqui. Com isso, conquistamos maior representatividade. Irmos à comunidade e falar com as pessoas nos dá a chance de captar a percepção delas entre o antes e o depois da chegada da água tratada. É real e concreto, e os dados nos mostram isso”, disse.

“Estamos vivendo grandes crises e as respostas para algumas delas passam pelo Objetivo de Desenvolvimento Social 6. O ODS 6 foca no apoio e fortalecimento da participação das comunidades locais para melhorar a gestão de água e saneamento. E aí estão nossos desafios: a continuidade nas políticas públicas e a inovação com a utilização de novas tecnologias para encontrarmos soluções”, afirmou Jacques Marcovitch, da Universidade de São Paulo (USP), que participou via internet.

Olhar para o futuro com mais saneamento

“Manaus foi uma das capitais que tiveram o maior crescimento na cobertura de água e uma das cinco que mais ampliaram a rede de esgoto”, disse o diretor-presidente da Águas de Manaus, Thiago Terada. Ele lembrou ainda que o saneamento muda vidas e deve ser para todos, não só em Manaus, mas em todos os locais onde a Aegea atua. A concessionária vai continuar levando infraestrutura às comunidades socialmente vulneráveis, pois o estudo foi feito depois de a cidade passar por uma reestruturação na prestação dos serviços de saneamento. Uma das prioridades tem sido esse tipo de atendimento.

Atenta ao projeto do Instituto Trata Brasil na capital amazonense, a concessionária lançou o programa +Águas. “O crescimento exponencial de Manaus não foi acompanhado pelos serviços de infraestrutura ao longo dos anos. Para ampliar o acesso à água tratada, vamos implantar novos 260 km de redes de água. Vamos garantir também o benefício da Tarifa Social às famílias de menor renda”, reforça o diretor-executivo da Águas de Manaus, Diego Dal Magro.

Mais sobre o estudo do Trata Brasil

A pesquisa foi aplicada por moradores das comunidades, devidamente treinados, sendo realizada entre 21 de junho e 21 de julho de 2021, com margem de erro para 2,67% e 95% de confiabilidade. Nesse modelo de projeto é feita uma avaliação socioeconômica das famílias que recebem os serviços. Busca-se, principalmente, conhecer a percepção desses moradores às melhorias trazidas pela chegada de água tratada, esgotamento sanitário e outros. Denominado “Trata Brasil na Comunidade”, este eixo de projetos do Instituto Trata Brasil já avaliou comunidades no Nordeste, Sul e Sudeste brasileiros.

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