Uma tecnologia capaz de transformar a qualidade da água distribuída em comunidades que dependem de poços artesianos está prestes a se tornar realidade no Norte Fluminense.
O município de São Francisco de Itabapoana, no Rio de Janeiro, será um dos primeiros da região a contar com a aplicação de filtros zeólitas, um sistema avançado de filtragem utilizado para remover ferro e manganês da água captada do subsolo.
A instalação está em fase final na Unidade de Tratamento de Gargaú e promete beneficiar milhares de moradores com água mais limpa e segura. O uso da zeólita — um mineral poroso com alta capacidade de adsorção — é reconhecido por sua eficiência na melhoria da qualidade da água, especialmente em locais com presença de minerais que afetam cor, gosto e odor.
Tecnologia e inovação que impactam o dia a dia
O sistema de filtragem foi dividido em quatro etapas e inclui desde a construção das fundações até a instalação de equipamentos automatizados para garantir eficiência e segurança operacional. A expectativa é que o novo sistema esteja em funcionamento até julho, marcando um avanço importante para o saneamento local.
Para além da engenharia, a transformação é percebida também por quem vive no município. “É muito bom ver esse tipo de investimento aqui. A água já melhorou bastante, e saber que vai melhorar ainda mais dá esperança”, afirma Antonio Carlos Andrade, o Cacaio, morador de Gargaú há mais de 30 anos e ex-presidente da associação de moradores.
Saneamento como vetor de saúde e qualidade de vida
A aplicação de soluções tecnológicas no tratamento da água é cada vez mais relevante, especialmente em cidades que dependem de fontes subterrâneas. O ferro e o manganês, presentes naturalmente em algumas regiões, não são prejudiciais em pequenas quantidades, mas sua presença em níveis elevados compromete a qualidade da água, além de provocar manchas e sabor metálico.
Com o uso dos filtros zeólitas, São Francisco de Itabapoana dá um passo à frente ao combinar inovação, saúde pública e sustentabilidade. A iniciativa reforça como o saneamento básico, quando aliado à tecnologia, tem o poder de transformar realidades, promover inclusão e ampliar a oferta de água de qualidade, especialmente em municípios fora dos grandes centros urbanos.
Além do sistema de filtragem, a estrutura foi toda modernizada. “Instalamos novos painéis elétricos, reforçamos a carga com um novo transformador e automatizamos todo o sistema. A base das bombas de limpeza dos filtros e o tanque de hipoclorito de sódio (produto usado na desinfecção da água) também foram adequados”, explicou Malcom Bispo, gerente-executivo da Águas do Rio.
O futuro do saneamento passa pela inovação
A implantação desse sistema mostra que é possível democratizar o acesso a soluções modernas de tratamento, beneficiando populações historicamente negligenciadas. A experiência no Norte Fluminense pode servir de modelo para outras regiões do país com desafios semelhantes.
A tendência é que inovações como a zeólita se tornem cada vez mais presentes em projetos de saneamento, apoiando metas de universalização com mais eficiência e respeito às realidades locais.