O mês de fevereiro foi dedicado a alertar a população sobre a leucemia, doença que está entre os tipos de câncer mais comuns, conhecida como câncer no sangue.
Os números mostram que o Fevereiro Laranja é um despertar que deve durar o ano inteiro: cerca de 10 mil brasileiros são diagnosticados com a doença todo ano, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer).
A médica do Trabalho da Aegea, Christianne Furtado de Oliveira, que é uma das coordenadoras de Saúde Ocupacional da Águas do Rio, explica que a leucemia tem como característica o acúmulo de células imaturas doentes na medula óssea (onde o sangue é fabricado).
Segundo ela, é um tipo de câncer que pode ocorrer em todas as faixas etárias. As leucemias são classificadas com base no tipo de célula afetada: mieloide, a partir dos neutrófilos, e linfoide, relacionada aos linfócitos. E também no seu tempo de desenvolvimento (agudas e crônicas).
Fique atento aos sintomas
Os principais sintomas da leucemia são:
- Anemia, que pode causar fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, entre outros;
- Baixa imunidade (o organismo fica mais sujeito a infecções);
- Sangramentos, mais comuns nas gengivas e nariz;
- Manchas roxas na pele;
- Gânglios inchados, mas sem dor, principalmente no pescoço e nas axilas;
- Febre e suores noturnos;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Desconforto abdominal;
- Dores nos ossos e nas articulações.
Christianne explica que nem sempre esses sintomas são causados por câncer, mas é fundamental a investigação complementar. “Um simples hemograma, com alterações na série branca, os leucócitos, pode levantar a suspeita de uma leucemia”, afirma.
“Os pacientes com leucemias crônicas, que são as de crescimento lento, geralmente não apresentam sintomas abruptos – eles se agravam gradualmente. Já as leucemias agudas têm sintomas que se agravam em um curto intervalo de tempo”, explica a médica do Trabalho da Águas do Rio.
Existe prevenção?
Nas leucemias, as células da medula óssea sofrem alterações genéticas que as transformam em células cancerosas. Essas células anormais (blastos), se multiplicam de forma rápida e descontrolada, se infiltrando na medula óssea, substituindo as células normais.
“Infelizmente, não existe prevenção conhecida para o desenvolvimento da leucemia, mas os pacientes que mantêm hábitos saudáveis como não fumar, boa alimentação e atividade física regular têm maior chance de responderem bem ao tratamento”, enfatiza Christianne.
A detecção precoce e o consequente tratamento podem sempre ajudar na expectativa de evolução favorável do tratamento. Portanto, ao perceber os sintomas deve-se sempre procurar um médico para iniciar uma investigação complementar.
Nos casos suspeitos, é feito o encaminhamento ao hematologista que avaliará e realizará outros exames, como biópsia e/ou aspirado de medula óssea para definir o tipo de leucemia e o tratamento mais indicado.
Tratamento da leucemia
“O tratamento difere de acordo com o subtipo (agudo ou crônico) e (mieloide ou linfoide)”, explica Christianne. Nos últimos anos, segundo ela, houve um grande avanço no tratamento da doença com o desenvolvimento de drogas inteligentes, que afetam apenas o alvo-específico, o que possibilitou um aumento na sobrevida dos pacientes.
Entre os tratamentos possíveis está o transplante de medula óssea. “É importante lembrar que a indicação de transplante depende do tipo de leucemia e da resposta ao tratamento com quimioterapia. Em muitas situações, a doença pode ser curada com quimioterapia ou radioterapia, já em outras a cura vai depender do sucesso desse transplante”, diz.
Transplante de medula óssea
O transplante é feito por meio da retirada de células tronco da medula óssea de um doador, repassadas para o paciente receptor com a transfusão.
A doação é feita por punção e aspiração do osso do quadril, sob anestesia e em centro cirúrgico. “A retirada das células não causa impacto na rotina do doador, que poderá retornar às suas atividades cotidianas no dia seguinte”, explica.
As células da medula óssea se renovam em, no máximo, 30 dias, portanto o mesmo doador pode fazer várias doações ao longo da vida, dependendo somente das condições de saúde dele.
Até 2019 a idade limite para o paciente poder receber a doação de medula óssea era de 60 anos, mas a partir de 2020, com a evolução dos medicamentos e a idade avançada de boa parte dos pacientes portadores, o período foi ampliado para 75 anos.
Como ser um doador
Para se cadastrar no Registro de Doadores de Medula Óssea do Brasil, o REDOME, basta procurar o hemocentro associado da sua região e retirar 10 ml de sangue para avaliação das características genéticas, o sistema de antígenos leucocitários humanos, HLA.
O HLA do doador fica registrado e, no caso de algum paciente compatível precisar, ele será acionado. Se não estiver apresentando afecções de saúde, como doenças infecciosas, incluindo hepatites B e C, e outras doenças, poderá fazer a doação.
O cadastro no REDOME pode ser feito por pessoas saudáveis, entre 18 e 35 anos, porém é aceita a doação de medula óssea por doadores de até 60 anos.