Mais um importante passo foi dado para a execução de um dos maiores projetos ambientais do mundo: a recuperação da Baía de Guanabara. Na terça, 4 de julho, as licenças ambientais foram concedidas pelo governo do estado, por meio do Inea (Instituto Estadual do Ambiente).
A documentação que autoriza as obras de implantação do sistema Coleta em Tempo Seco na capital e em outros sete municípios foi entregue na sede da Águas do Rio, na Praça Mauá, zona portuária carioca. A medida vai impactar a vida de cerca de 10 milhões de pessoas.
São moradores das 17 cidades da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara, que vão se beneficiar com a melhora da qualidade da água a partir da coleta de mais de 400 milhões de litros de esgoto que deixarão de ser lançados diariamente no ecossistema. O equivalente a 200 piscinas olímpicas.
Melhoria na vida das pessoas e impulso para a economia
“Além de melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas, será determinante para impulsionar a economia, especialmente o turismo. Isso atrai investimentos, gera empregos e renda e resgata o orgulho do cidadão fluminense em ter esse patrimônio da humanidade vivo e pulsante”, afirma Alexandre Bianchini, diretor-presidente da Águas do Rio.
Serão investidos R$ 2,7 bilhões na construção de aproximadamente 47 km de grandes coletores, estações de bombeamento e outras estruturas, formando o cinturão de proteção da baía. A iniciativa prevê a criação de mais de 120 pontos de captação em tempo seco nas cidades do Rio, São Gonçalo, Itaboraí, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo, Nilópolis e Mesquita.
Novo momento para o Rio é sonho antigo
“A assinatura das duas licenças é fundamental para alcançarmos o Estado do Rio de Janeiro que queremos: com qualidade de vida para a população, respeito aos patrimônios ambientais e cooperação entre as instituições e empresas com os mesmos ideais que os nossos”, disse o vice-governador e secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha.
Quem também esteve presente na cerimônia foi Victoria Braile, de 85 anos. Contratada pelo governo do Japão para apresentar um projeto de despoluição na Rio-92, a engenheira química, que na ocasião era funcionária da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), fez um plano para melhorar a qualidade da água na Baía de Guanabara.
Trinta e um anos depois, ela não escondeu a emoção durante a cerimônia desta terça-feira: “Estou muito feliz de estar aqui hoje e ver essa movimentação de tantos profissionais qualificados. Tenho certeza que todo esse trabalho de recuperação vai beneficiar milhões de pessoas”, disse Victoria.
Como funciona o sistema Coleta em Tempo Seco
Durante a assinatura das licenças, o diretor de Engenharia da Águas do Rio, Ricardo Bueno, explicou como funciona o coletor em tempo seco. Segundo ele, grande parte do esgoto produzido nas cidades é jogada indevidamente na rede de drenagem pluvial, feita para receber apenas água de chuva.
Neste modelo, o fluxo da galeria pluvial é desviado para os coletores de esgoto e, por meio de bombeamento, é levado para as estações de tratamento, retornando à natureza dentro dos padrões exigidos pelos órgãos ambientais.
“Desde 2004, a Agenersa acompanha a implementação desse modelo de esgotamento sanitário na Região dos Lagos, visando à preservação da Lagoa de Araruama. Esse é o mesmo sistema que será construído na Baía de Guanabara. Por isso, estamos preparados para acompanhar e fiscalizar todas as etapas que serão executadas pela Águas do Rio”, comenta Rafael Menezes, presidente da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro.
A expectativa é que as obras tenham início no prazo de dois meses.