Lodo como recurso: o potencial da economia circular no saneamento

Lodo como recurso: o potencial da economia circular no saneamento

O lodo gerado nas unidades de tratamento de água e esgoto pode deixar de ser um resíduo e se transformar em solução. Com aplicação sustentável, ele pode ser usado na produção de fertilizantes, substratos para plantas, recuperação de solos degradados e até na fabricação de tijolos e cerâmicas.

Na busca por mais eficiência e inovação nesse processo, a Mirante — parceria público-privada entre a Aegea e o Semae em Piracicaba (SP) — promoveu um intercâmbio de experiências.

A equipe do Serviço Municipal de Água e Esgoto e da Parceria Público-Privada fizeram uma visita técnica à Estação de Tratamento de Água (ETA) de Bombinhas, unidade da Aegea em Santa Catarina. 

Tecnologia que dá resultado

Na ETA Bombinhas, os visitantes acompanharam todo o processo de desidratação do lodo. O sistema começa com adensadores que reduzem o volume por meio da separação da água livre. Em seguida, centrífugas de alta performance fazem a desidratação, separando líquidos e sólidos.

O resultado é um material com menor umidade, mais seguro para manuseio e com logística de transporte e destinação mais eficiente. O lodo é então encaminhado para aterros sanitários licenciados, conforme a legislação ambiental vigente.

Boas práticas que inspiram novas soluções

“A visita foi muito importante para entendermos como podemos aplicar essas tecnologias em nossas operações. Nosso objetivo é garantir o abastecimento com excelência, gerando o mínimo de resíduos possível”, afirmou Ronald Pereira, presidente do Semae.

“Transformar resíduos em valor é uma prioridade da Aegea. As soluções adotadas nas unidades mostram que é possível aliar eficiência operacional com responsabilidade ambiental e social”, destaca Isabelly Gonçalves, diretora-executiva da Mirante.

Da gestão de resíduos à geração de valor

A economia circular já é uma realidade nas unidades da Aegea. A Mirante, por exemplo, recebeu o Prêmio ECO, da Amcham e Estadão, pelo projeto de secagem térmica do lodo, que reduz volume e transforma o resíduo em potencial energético e agrícola.

No Centro-Oeste, a MS Pantanal desenvolve um projeto pioneiro de produção de adubo orgânico a partir do lodo tratado, em parceria com pequenos agricultores — uma iniciativa que une saneamento e fortalecimento da agricultura familiar.

Na Região Sul, a Corsan Aegea também investe em soluções sustentáveis, com foco em compostagem e uso agrícola do lodo. A meta é aliar eficiência operacional à geração de benefícios para o meio ambiente e para comunidades locais.