Muito se falou nos últimos dias da importância de ampliar a conscientização sobre os negros e sua história no país em função do 20 de novembro. Para entender se ter mais consciência gera impacto na vida deles, conversamos com pessoas que atuam nos Comitês do Respeito Dá o Tom, o programa de diversidade e igualdade da Aegea, ou se sentem aceitos por meio da atuação deles.
Para Carine Bravo, que é analista de RH na Águas do Rio desde o início da atuação da concessionária, estar em uma empresa que tem um programa como o RDT foi um divisor de sua história. “É antes e depois do RDT, eu sou outra pessoa, a mudança chega a ser física, eu nem me reconheço nas fotos mais antigas”, conta.
O antes e o depois do Programa Respeito Dá o Tom
Ela se interessou em trabalhar em uma unidade da Aegea em função do Respeito Dá o Tom. “Eu estava sofrendo um processo de racismo na empresa anterior e, procurando uma vaga, descobri a Águas do Rio por meio do programa. Quando entrei, vi que era tudo aquilo: respeito e dignidade, oportunidades iguais. Passar a fazer parte do comitê foi natural”, diz.
“Eu me conectei com a mulher negra que eu sou, isso é transformador, então quero facilitar o processo para que outras pessoas também possam se descobrir, se aceitar. Meu marido se descobriu negro em função da minha mudança, hoje sou referência sobre o assunto na família, no bairro onde eu moro”, afirma.
Conscientização que movimenta vidas
A atuação na comunidade onde vive foi preponderante para que Mel Farias Mura, analista de Responsabilidade Social da Águas de Manaus, passasse a atuar no Comitê do Respeito Dá o Tom da unidade. “Sou indígena, me autodeclaro como tal e, tendo consciência da minha ancestralidade negra, passei a combater o racismo”, diz.
Processo transformador dentro da empresa
Depois de cursar faculdade no Paraná, ela voltou para Manaus e foi trabalhar na unidade da Aegea na cidade. “Fiquei surpresa e encantada em ver que o debate que vi no mundo acadêmico fazia parte da empresa. Assisti aos vídeos do Programa Respeito Dá o Tom na Academia Aegea e me senti muito motivada a participar do processo”, conta ela.
“Vejo uma empresa comprometida com o tema e sei que não é só em novembro, é durante o ano todo. Acredito muito nesse processo transformador, que é como uma cascata, daqui para fora, para a sociedade, para combater o racismo estrutural tão arraigado no Brasil”, diz.
Para ela, falar sobre o tema, trabalhar para a conscientização é fundamental para a mudança. “Depois que entrei nesse processo, tenho buscado cada vez mais conhecimento sobre o assunto, pois não consigo ficar calada, quero estudar para combater o preconceito cada vez mais”, afirma.
Um novo país, uma nova oportunidade
Ele ainda não domina com fluência o português, mas conhece bem o significado das palavras liberdade, aceitação e segurança. Há quase 10 anos no Brasil, o haitiano Clorisma Ambroise encontrou aqui o que faltava para que se sentisse pleno e realizado, integrado à sociedade.
“Na Águas de Camboriú aprendei um novo trabalho, sou responsável pela instalação da caixa padrão (de ligações de água), sou aceito como sou, não tem preconceito, racismo, nada disso, só amigos, muito bom viver assim”, diz ele, que deixou o Haiti para buscar uma vida melhor.
No Haiti, 95% da população é negra, mas o país enfrenta antigas questões sociais onde prepondera a desigualdade racial e o preconceito. “Lá, mesmo formado em Contabilidade, trabalhava como motorista, mas é um país muito complicado, sem nenhuma segurança, não teria chance de um futuro para minha família”, conta.
Com cinco filhos, que têm entre 13 e 26 anos, é aqui que ele se sente em casa. “Muito bom trabalhar na Aegea, me sinto em paz, seguro, tranquilo e tenho uma estabilidade também econômica, para mim e minha família. Quero viver aqui para sempre”, afirma. Aos 60 anos, faz planos para se aposentar.