Jovens, experientes, atuando em ambientes internos ou liderando equipes em canteiros de obras, elas abrem espaço onde a maioria dos profissionais é do sexo masculino. Ainda, pois se depender do empenho e da garra dessas mulheres, isso vai mudar muito em breve.
Para mostrar as mudanças que já estão acontecendo em relação ao trabalho feminino e saneamento, conversamos com colaboradoras da Aegea, a maior empresa do setor privado, em diversas cidades brasileiras. Elas mostram que a mulher pode ocupar o espaço que ela quiser.
Lugar de mulher é onde ela quiser
Desde o primeiro semestre da faculdade, ela já sabia: ia seguir o caminho do saneamento. Mas nem tudo foi fácil, conta Maraísa Mendonça Oliveira. “Quando me formei, essa era uma área dominada por homens. Tive que mostrar meu valor, conquistar meu espaço. Não foi fácil, mas foi glorioso”, diz a atual gerente de Operações das unidades da Aegea em Santa Catarina.
“Entrei na Aegea SP em 2013, como responsável pelo laboratório. Assumi a supervisão Operacional no ano passado. Foi uma grande evolução, pois mais de 90% da equipe é formada por homens. Portanto, apesar de parecer clichê, o lugar de mulher é onde ela quiser”, diz Amanda Miquelani, supervisora de Operações da Mirante.
Profissionais além da conta
São profissionais além da conta, como a Amanda e a Maraísa, que inspiram e incentivam muitas outras a seguirem o caminho escolhido, independente do que dizem as estatísticas. Arianne Ayres, de 26 anos, é um exemplo. A paixão pelo saneamento começou na escola. Uma das poucas mulheres na faculdade de engenharia, era a única aluna que escolheu o saneamento.
“Os homens ainda são machistas, existe certa resistência para aceitar as ideias das mulheres. Mas somos fortes, não desistimos fácil não”, brinca Arianne. A etapa mais difícil em relação ao preconceito foi logo após ter se formado, quando trabalhava em obras, construindo adutoras – as tubulações de grande diâmetro para a captação de água bruta, ainda sem tratamento.
Escolhi o saneamento e também fui escolhida por ele
“Eu tenho uma carreira de enfrentamento de preconceitos”, diz a engenheira Arianne. Foi vencendo um a um e, após dois anos na Aegea, é supervisora de serviços da Regional MT2, responsável por 13 unidades. “É uma área muito envolvente, a cada dia me aproximo mais dos meus ideais. Eu escolhi o saneamento e também fui escolhida por ele”, diz.
Uma escolha que move o coração de Márcia Alves, a supervisora de Atendimento da Águas de Manaus (AM). “Meu trabalho representa tudo para mim. Eu trabalho naquilo que eu amo, com atendimento, com o público, servindo as pessoas, porque o produto que nós vendemos é saúde pública. Me sinto privilegiada por isso”, diz ela.
As profissionais vivenciam histórias surpreendentes. “Jamais imaginei ouvir meu filho tem 17 anos e nunca tomou banho de chuveiro. Meu Deus, o que parece tão simples e básico para uns é transformador para outros. Então fazer parte da história do saneamento é gratificante”, conta Geaneide Vilhena de Santana, supervisora de Responsabilidade Social da Águas de Manaus.
Márcia Socorro Alves Soares, supervisora de Atendimento da concessionária, compara o trabalho com o produto que leva vidas por onde passa. “Ser mulher no saneamento é sinônimo de empoderamento, crescimento profissional e pessoal, evoluindo e aprendendo com cada cliente e sendo transparente igual a água”, afirma ela.
Base sólida para conquistar mais confiança
“O maior desafio são as distâncias”, conta Letícia Yule Zavarizzi, que também coordena o trabalho em 13 municípios da Ambiental MS Pantanal, a partir de Corumbá (MS). Como superar? “Desenvolvendo as equipes, conseguindo ter uma relação de confiança entre os meus liderados. Hoje o mais importante é ter essa base sólida para conquistar mais confiança entre os colaboradores”, ensina.
Fernanda da Silva Jara é outra profissional que está ajudando a construir a história da participação das mulheres no saneamento. “Na Ambiental MS Pantanal não vejo tanto preconceito como percebi no início da carreira. Aqui tem profissionais mais experientes que nos recebem bem, conversam, existe uma troca de igual para igual”, afirma a supervisora da MS Ambiental no polo de Três Lagoas (MS).
Empresa que valoriza a igualdade
A igualdade de oportunidades na empresa foi quem abriu as portas para Celeste Lemos. Foi a primeira mulher a ser operadora de estação de tratamento de esgoto na Prolagos (RJ). A engenheira ambiental hoje coordena 58 pessoas que cuidam do tratamento do esgoto.
“É gratificante trabalhar em uma empresa que adota um comportamento contrário ao preconceito por meio de oportunidades oferecidas às mulheres. Ajudaram a quebrar o tabu de que seria difícil e, assim, contribuíram para que outras mulheres se interessassem pela área”, pontua Celeste.
Chances para crescer profissionalmente
Com 27 anos, seis deles na Aegea, um filho de quatro anos, Amanda Cristina Cordeiro Silva sabe da importância de ter uma chance para atuar no setor. Ela trabalha na área de EHS e está na segunda turma de graduação da Academia Aegea no curso de Processos Gerenciais em Saneamento.
“Confesso que trabalhar, estudar e cuidar de um filho é muito desafiador, mas conciliar a vida profissional com a vida pessoal também é muito gratificante, pois sabemos o quanto é difícil ser reconhecida no mercado de trabalho. Mas a Aegea nos abre portas para que consigamos tudo o que almejamos”, diz.
Conhecimento que quebra preconceitos
Daniela Souza Santos também aproveitou a oportunidade como Jovem Aprendiz e aprendeu muito quando a Águas de Primavera (MT) abriu as portas para ela. Agora, contratada como atendente comercial, quer fazer faculdade de química para seguir aprendendo mais e mais.
“Tem um certo preconceito, mas não é explícito. Algumas vezes percebo que o cliente duvida da minha explicação pelo fato de eu ser mulher. Daí, explico de outra forma e tudo fica bem. Então, quanto mais conhecimento eu tiver, mais fácil será quebrar qualquer tipo de preconceito”, afirma.
Oportunidades que abrem caminhos
Seguindo a trilha do conhecimento está Claudilene de Sousa Valentim. Ela está cursando MBA em Saneamento pela parceria da Academia Aegea com a FGV. Aproveita cada oportunidade oferecida para o desenvolvimento pessoal, profissional e para transformar o mundo ao seu redor.
“Nós, mulheres pretas, muitas vezes não somos nem consideradas pela sociedade. Em seis anos de Aegea tive oportunidades e muitas delas foram dadas por mulheres. A caminhada não foi fácil, mas se não fossem as oportunidades, não teria chegado nem à metade do caminho”, diz.
De mãe para filha
Com 20 anos, Laís Fonseca Gomes assumiu a coordenação em uma área predominantemente masculina na Mirante (SP). O grande desafio se transformou em motivo de orgulho. “Acredito que a mulher pode realizar tudo que se propõe, basta ter garra e determinação”, conta ela.
“Tenho muito orgulho da mulher que sou e ensino à minha filha que ela deve lutar para conquistar seu espaço, seja aonde for, pelo que sabe, pelo que produz e pelo modo que age e não pelo seu sexo”, afirma a coordenadora de Operações e Serviços da Mirante.
Jovem Aprendiz
Hagatha Lima, de 19 anos, aprendeu com a mãe, que a criou sozinha, a correr atrás de seus sonhos. A Jovem Aprendiz na área de administração da Águas do Rio (RJ), faz cursinho para fazer vestibular para Direito. Ela acredita que ainda vivemos em uma sociedade muito arcaica e quer se especializar em direito das mulheres.
“Foi muito importante pra mim, como mulher preta e jovem, ver onde pessoas como eu chegaram. Isso quer dizer que também posso chegar. Me identifiquei no processo seletivo da Águas do Rio e ali me senti respeitada. Trago a minha força de vontade, vou me esforçar para alcançar meus objetivos e tenho certeza que vou aprender muito aqui”, diz a jovem.
Força para superar desafios
Em saneamento os desafios são grandes mesmo em uma cidade de porte pequeno. É isso que motiva Neuza de Souza Pereira a seguir na profissão. “Trabalho há seis anos na concessionária e gosto muito de desafios. No dia a dia, na vida pessoal ou no mundo corporativo, tenho a convicção de que ser mulher é ser dona de uma força interior que nos impulsiona para a frente”, diz a assistente de atendimento da Águas de Holambra (SP).
“Amo a rotina dinâmica na rua porque adoro encarar desafios. Sou pragmática, mas detalhista, e estou ao lado da minha equipe do início ao fim de um trabalho. Até que tudo esteja perfeito, não saio dali”, conta Patrícia Fernanda do Carmo Nogueira. Essa característica marca a trajetória dela, que já foi técnica e hoje é engenheira civil. “Tenho muito orgulho desse caminho que percorri, cheguei aqui acreditando em mim e no meu trabalho”, afirma a supervisora de Operações da Águas do Rio.
Atuação com responsabilidade social
Para Magda Rios, o comprometimento com a comunidade é o que mais a incentiva no trabalho com saneamento. “Comecei com atendimento ao cliente, fui líder de treinamento e agora estou em projetos sociais e na atuação com a comunidade. Isso é muito gratificante, além da empresa valorizar a mulher e oferecer oportunidade de crescimento”, afirma a analista de Responsabilidade Social da Águas de Timon (MA).
Lara Ravena também começou atuando com atendimento e hoje é uma das analistas responsáveis pelo cuidado da concessionária com a área dos grandes clientes. “Me sinto grata por trabalhar nesse grupo que te capacita tanto pessoalmente quanto profissionalmente, meu sentimento é só de gratidão”, conta a analista do setor de Grandes Clientes da Águas de Teresina (PI).
Engenheiras da ordem
Ela começou a trabalhar em saneamento como terceirizada, foi para a Aegea na Prolagos (RJ), passou por várias áreas e, desde o ano passado, está no interior de São Paulo. Hoje Amanda Elley Schuenchel da Silva Boeira é supervisora comercial da Águas de Matão.
Nesse período, acumulou experiência e histórias. “Uma vez ouvi que contratam engenheiros quando estão em uma fase boa, para construir projetos de uma vida. A Aegea nos chama de engenheiras da ordem e enxergo dessa forma, pois construímos sonhos e levamos dignidade ao próximo”, conta.
Capacidade de se colocar no lugar do outro
Como mulher negra, Tamara Fideles, coordenadora Comercial em Comunidades, diz ter a responsabilidade de abrir as portas para que outras pessoas ocupem espaços de chefia e liderança. “Me sinto muito realizada porque consigo impactar a vida das pessoas e isso me motiva, me faz acordar todos os dias. Acredito no nosso projeto nas comunidades”, diz.
“No meu trabalho é importante ter empatia, se colocar no lugar do outro, além de resiliência para conseguir avançar em áreas com muitos desafios. Temos sempre que nos perguntar: o cliente teve um serviço de qualidade? Foi atendido quando precisou? Ele tem dignidade para viver? Estamos aqui para ouvir e colocar nosso projeto de saneamento em prática”, conta Tamara.
Se sente empoderada. “Eu acredito no meu potencial e tenho muito a conquistar. Tenho certeza que vou conseguir. Há um tempo atrás, não diria isso. A consciência racial mudou a minha percepção. Deixei de me inferiorizar e hoje acho que o céu é o limite. Tenho a responsabilidade de representar a empresa e de ser referência para outras pessoas negras”, diz.
Time que sabe fazer a diferença
Se preparar e buscar crescimento. Essa é a dica da gerente de Operações da Aegea em Santa Catarina, Maraísa Mendonça Oliveira, depois de escrever uma carreira de sucesso em saneamento. Uma história que ainda está sendo escrita, marcada por tropeços, quedas, superação e vitórias.
“A história quem escreve é você. Nós cuidamos da qualidade de vida de milhares de pessoas e isso só é possível porque somos fortaleza, somos cuidado, somos um time que homens e mulheres que sabem fazer a diferença”, diz ela.
Fernanda Cenci Silveira, coordenadora de Meio Ambiente da Ambiental Metrosul (RS), concorda com Maraísa. “Independente do gênero, o importante é acreditar no que faz e entender que nosso papel dentro da empresa pode ser transformador. É gratificante integrar um time com oportunidades iguais, sem distinções. Nosso propósito aqui é o mesmo, melhorar vidas, desenvolver cidades e cuidar do nosso meio ambiente”, afirma.