Balanço da Glocal Experience mostra saldo positivo para nosso futuro

GLOCAL Experience Águas do Rio Aegea

Durante nove dias, a Marina da Glória (RJ), banhada pelas águas da Baía de Guanabara, foi palco de um grande laboratório de ideias e ações para o cumprimento da Agenda 2030, baseadas nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Com acesso gratuito, a Glocal Experience reuniu pensadores, especialistas, representantes dos mais variados setores da sociedade e grandes nomes nacionais e internacionais para falar sobre o nosso futuro. É um marco em um momento em que o mundo todo precisa se unir na busca de soluções.

Alguns marcos do maior evento de sustentabilidade do ano:  170 palestrantes que resultaram em mais de 80 horas de diálogos e conversas; presença de importantes lideranças indígenas, comunitárias e de movimentos sociais; cerca de 38 mil pessoas estiveram no local.

A Glocal teve ainda uma agenda cultural com a participação de nomes que representam a diversidade do povo brasileiro como Djamila Ribeiro, Carla Akotirene, Pamela Carvalho e Raull Santiago, entre muitos outros. Contou com a participação de empreendedores pioneiros em várias áreas.

Nomes de projeção e influência nacional também lideraram debates como MV Bill, Leandra Leal, Regina Casé e Douglas Silva. Dezessete artistas deixaram suas criações nos cubos que representam as 17 ODS indicadas pela ONU.

Um dos documentos mais inspiradores do evento foi a Carta da Juventude Rio 2030, uma espécie de manifesto sobre o que os jovens entendem como medidas para as transformações necessárias, incluindo conscientização socioambiental nas escolas para promoção da justiça climática e social.

Essa foi a primeira fase da Glocal Experience, que tem uma extensa agenda de atividades e compromissos até o fim do ano com foco em um futuro sustentável em 2030. O patrocínio master do evento é da Águas do Rio e do Instituto Aegea.

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Nossa saúde também depende de ter um oceano saudável

Frases da Glocal que valem a pena ver e rever

A maior luta é contra a desinformação, contra setores que tentam enganar a gente dizendo que não temos um problema a resolver. E não temos muito tempo. Temos que botar as mãos à obra”, alertou a jornalista Sonia Bridi, autora do livro “Diário do Clima”, logo na abertura do primeiro dia na Conferência da Glocal Experience.

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O acesso à água e ao saneamento é um vetor para o desenvolvimento social. Para se atingir esse objetivo, os cenários futuros passam por investimentos em obras, mas também em aumento da eficácia na governança de projetos, tecnologias inovadoras, educação ambiental e mobilização, tanto da população quanto de governos, empresas e entidades da sociedade civil.

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O objetivo sobre água potável e saneamento, ODS 6, é indissociável de todos os demais objetivos. A mão contrária também é verdadeira: quanto maiores os gargalos na garantia desses direitos básicos do cidadão, mais se ampliam as desigualdades sociais, lembrou Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas (Cufa).

Um dos caminhos para um futuro mais sustentável é reverter passivos ambientais, como a degradação da Baía de Guanabara, e garantir dignidade às milhões de pessoas que hoje vivem sem água e esgotamento sanitário. “O saneamento muda a história de uma família, todo o patamar de uma geração”, resumiu Luana Siewert Pretto, CEO do Instituto Trata Brasil na palestra “Saneamento é questão de justiça social”.

A CEO do Trata Brasil, Luana Pretto, disse ainda que a carência de saneamento pode estar relacionada inclusive às enfermidades ginecológicas. “Onde há saneamento, há 63% de redução das doenças ginecológicas“, afirmou. Ela enumerou outros aspectos da vida das pessoas que a ausência de água e esgoto impacta: em média, a cada episódio de diarreia, uma criança fica cinco dias fora da escola; estudos apontam três anos de atraso escolar em locais sem saneamento; e é uma questão que afeta até nas notas do Enem.

Uma pessoa com acesso ao saneamento vive 10 anos a mais que a que não tem. Existem mais de 30 doenças diretamente associadas à falta de saneamento. As afirmações são de Nicola Miccione, secretário-Chefe da Casa Civil do governo do Rio.

Engajar as pessoas na discussão sobre saneamento é uma ação chave, inclusive para cobrar das autoridades os direitos, disse Vinicius Lopes, morador da Maré e um dos responsáveis pelo Cocôzap (canal pelo WhatsApp no conjunto de comunidades). Ele disse que 98% das pessoas na Maré têm acesso à água, mas nem todos têm o serviço durante todo o dia.

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Conter as perdas de água tratada também é fundamental, destacou Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea. “Cada litro que você perde é um litro a menos que você tem que ir na natureza buscar. A principal recomendação é uma só: conscientização”, disse ele.

Uma das primeiras conversas da agenda reuniu o canadense Adam Kahane, um dos principais líderes contemporâneos de resolução de conflitos e união entre nações e povos, com a cientista social Ilona Szabó, fundadora do Instituto Igarapé e integrante do Conselho Consultivo de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre multilateralismo eficiente. “Na busca pelos avanços esperados, não basta co-existir, é preciso trabalhar junto, numa abordagem colaborativa, até com aqueles com quem se nutrem as maiores diferenças”, reforçaram os dois

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Obras e ações em destaque na Glocal

O compromisso social assumido pela Águas do Rio, com investimentos previstos de R$ 2,7 bilhões nos próximos anos para despoluir a Baía de Guanabara – um patrimônio fluminense e nacional – foi pauta em diferentes palestras e diálogos da Glocal Experience. “Desde os anos 1980 se ouve falar de investimentos bilionários na Baía. Até agora não veio nada. Nosso compromisso é entregar a Baía de Guanabara de volta ao carioca e Fluminense”, garantiu Alexandre Bianchini, diretor-presidente da Águas do Rio.

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A operação de estruturas já existentes, como as ETEs da Penha e Alegria, que já têm impacto na vida dos moradores do entorno das estações de tratamento de esgoto.

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A limpeza em andamento do interceptor oceânico entre as proximidades do Aeroporto Santos Dumont até Copacabana, de onde já foram retiradas cerca de 800 toneladas de lixo que diminuía sua vazão. Até um patinete elétrico foi encontrado. Com isso, foi possível ligar ao interceptor rios poluídos que desaguavam na Praia de Botafogo. A medida contribuiu para que um dos recantos da Baía mais poluídos do Rio estivesse, pela primeira vez em 20 anos, balneável em dois boletins de monitoramento seguidos.

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A qualidade da Lagoa de Araruama em função dos avanços em saneamento a partir de 2000 pela Prolagos (RJ), unidade da Aegea na Região dos Lagos, também foi destacada.

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São melhorias que impactam também os oceanos, nos quais a ONU prevê que, em 2050, haverá a mesma quantidade de plástico do que a de peixes, destacou-se na palestra “Um outro olhar para o oceano”.

Para refletir sobre o futuro hoje

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“A Terra é um organismo tão maravilhoso que, mesmo diante de todas as ameaças, vai subsistir a qualquer ameaça nossa. Mas pode decidir nos incluir na lista das espécies em extinção por mau comportamento”, Ailton Krenak, ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas que organizou a Aliança dos Povos da Floresta.

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“Todos serão impactados, mas os mais vulneráveis sofrerão mais. Conhecemos as soluções tecnológicas, mas vamos precisar mudar a história de uma forma que todos os grandes acontecimentos do século 20 parecerão nada diante do que teremos que fazer”, Sérgio Besserman, economista e ambientalista.

“Precisamos nos livrar da polarização e pensarmos juntos. É mais fácil dizer ‘eu não gosto e não vou fazer, não vou nem fazer esforço para te ouvir’. Não estamos ouvindo uns aos outros e isso é um problema que precisamos superar”, Ilona Szabó, fundadora do Instituto Igarapé e integrante do Conselho Consultivo de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre multilateralismo eficiente.

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“O Rio Sena já foi um esgoto nojento e hoje está limpo; o Tâmisa e o Hudson também. Somos essa espécie de um planeta único que tem capacidade intelectual e tecnologia para resolver problemas”, Sonia Bridi, jornalista.

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“Estamos em um momento complexo. Muitas indústrias vão morrer, mas teremos ao mesmo tempo um boom de investimentos em empresas com visão ESG”, John Elkington, considerado o “pai” da sustentabilidade e da disseminação do conceito de ESG.

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“Sempre se fala em legado, nas próximas gerações. Mas nós somos a próxima geração. A gente quer agora, somos capazes de fazer a diferença neste momento. É preciso responsabilizar a juventude”, afirmou a jovem liderança indígena Samela Sateré Mawé, integrante do Fridays For Future Brasil.

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“Na minha leitura, garantir o acesso à água e ao esgoto tratados é dar às pessoas as condições mínimas de subsistência, condições mínimas de vida. Como esse tema hoje permeia a sociedade, as pessoas querem saber sobre água, as pessoas querem saber sobre saneamento, temos que começar pela educação de uma criança – se você toca o coração de uma criança, faz com que ela pense sobre isso, desperta as grandes transformações”, disse Rodrigo Cordeiro, diretor-geral da Glocal Experience.

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